Título: Dólar cai para R$2,037 e captação bate recorde
Autor: Eloy, Patrícia e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 04/04/2007, Economia, p. 30

Governo brasileiro capta US$500 milhões, com menor custo desde a renegociação da dívida externa, há 13 anos.

RIO e BRASÍLIA. A entrada de recursos de investidores estrangeiros no Brasil, o forte saldo comercial e a manutenção do risco-Brasil em níveis recordes fizeram o dólar cair ontem pelo segundo dia consecutivo, fechando abaixo dos R$2,04 pela primeira vez em seis anos. Apesar de um novo leilão de compra de dólares pelo Banco Central (BC), a moeda americana encerrou os negócio em queda de 0,54%, cotada a R$2,037 para venda. É o menor valor desde o dia 6 de março de 2001 (R$2,035).

Segundo analistas, a moeda caminha rumo aos R$2, mesmo com a atuação do BC.

- Sem o BC, o dólar já teria chegado nesses níveis. A queda do risco-Brasil ajuda a sustentar a queda da moeda - avalia Rodrigo Trotta, operador de câmbio do Banif Primus.

Ontem, o indicador ficou estável em 167 pontos centesimais, menor nível da história. Durante o dia, porém, chegou a marcar 163 pontos. O Tesouro Nacional aproveitou o bom momento e conseguiu ontem captar US$500 milhões no mercado externo com o menor custo desde 1994, por meio da venda de títulos com vencimento em 2017 nos mercados europeu e americano. O investidor terá um retorno de 5,888% ao ano. Esse é o menor custo para captação em títulos globais desde a renegociação da dívida externa, há 13 anos.

No lançamento do Global 2017, em novembro do ano passado, o governo captou US$1,5 bilhão, a uma taxa de 159 pontos acima do título do Tesouro dos EUA de mesmo vencimento. Na operação de ontem, o papel foi vendido a 122 pontos acima do título americano de igual vencimento. O governo já captou no mercado internacional US$2,076 bilhões apenas este ano.

O otimismo dos investidores com dados da economia americana alimentou o fluxo para ativos de países emergentes, como o Brasil, considerados mais arriscados. As vendas imobiliárias pendentes subiram 0,70% nos EUA em fevereiro, ante uma expectativa de queda de 0,50% dos analistas. Os dados afastaram, por ora, a preocupação de que o mercado pudesse ser afetado pela crise nas hipotecas de alto risco (chamadas de subprime). A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 1,51%, aos 46.288 pontos, acompanhando o mercado americano. Com isso, aproximou-se do recorde histórico de 46.452, de 22 de fevereiro deste ano.

Ipiranga: gerente da Petrobras não teve participação direta

O gerente da Petrobras que estava trabalhando na BR Distribuidora e foi afastado por suspeita de uso de informação privilegiada na operação de compra da Ipiranga não fazia parte do grupo de pessoas envolvidas diretamente na negociação, informou ontem o diretor de Rede de Postos da BR Distribuidora, Reinaldo Belotti.

- Ele voltou para a Petrobras e está afastado do cargo gerencial - disse Belotti.

Segundo o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o funcionário ficará afastado até a conclusão das investigações de uma comissão interna criada em 23 de março. O grupo tem 30 dias, desde a data de sua criação, para encerrar os trabalhos.

- Com exceção dessa pessoa, não temos conhecimento de outra (pessoa sendo investigada). Foi criada uma comissão e ela que vai fazer essa apuração - disse Costa.

(*) Com agências internacionais