Título: Chinaglia cancela edital de concurso para a Câmara e marca nova data
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 06/04/2007, O País, p. 4

Contratação tinha sido autorizada por Aldo; petista reduziu número de vagas.

BRASÍLIA. Numa clara discordância com a decisão do ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) - que autorizou a realização de um grande concurso, com altos salários, que inflaria a folha de pessoal com 243 novos funcionários - o presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) decidiu anular o edital, a um mês das provas. Chinaglia reduziu o número de vagas oferecidas e definiu um novo calendário.

Depois de cogitar o cancelamento total do concurso, que previa o ingresso inclusive de 31 jornalistas com salários iniciais de R$9.008,12, Chinaglia decidiu apenas reduzir o número de vagas para algumas categorias. A decisão foi respaldada pelo primeiro-secretário da Casa, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Vagas para médicos foram canceladas

Um novo edital com as modificações foi publicado ontem no Diário Oficial da União, o que deverá provocar a reabertura das inscrições e o adiamento da data da prova, que estava prevista para acontecer dentro de um mês. O corte total chegou a 12,75%, e o número de vagas caiu para 212.

Os candidatos mais atingidos pela decisão são os que concorrem ao cargo de técnico em comunicação social, nas áreas de televisão, rádio, imprensa, relações públicas, audiovisual e divulgação institucional, que tiveram o número de vagas reduzidas de 31 para 19. Já o concurso para médico, na área de Ortopedia e Traumatologia, foi cancelado. Quem se sentir prejudicado poderá solicitar a devolução do valor da inscrição.

- Chegamos à conclusão que não é hora de contratar ninguém para a Secretaria de Comunicação (Secom), que já vem tendo um custo muito elevado e já abriga mais de 500 jornalistas. Nossa idéia era cancelar o concurso, mas acabamos apenas reduzindo o número de vagas. É bom avisar, porém, que os que passarem para essa área dificilmente serão chamados imediatamente - alertou Serraglio.

Impressionado com o custo operacional da TV Câmara, Serraglio contou que, no início da semana, foi obrigado a ampliar um contrato de tercerização da Secom, aumentando de 150 para 187 o número de técnicos que ajudam a pôr a TV no ar, no valor de R$1,5 milhão por ano. Para evitar a contratação de novos jornalistas, Chinaglia determinou que a TV passe a priorizar a transmissão ao vivo e as reprises das sessões da Câmara e das comissões permanentes.

- Nossa prioridade será divulgar o trabalho legislativo dos parlamentares e não os programas apresentados por jornalistas - acrescentou Serraglio, lembrando que Chinaglia considera que a melhor forma de melhorar a imagem da Câmara é garantir a presença dos deputados em Brasília, e não contratar novos jornalistas.

Mil jornalistas já trabalham na Câmara e no Senado

O concurso foi autorizado na gestão passada, por Aldo Rebelo, e nunca foi bem aceito por Chinaglia. A Mesa Diretora da Câmara, que apoiou a iniciativa de Chinaglia de reduzir o número de vagas do concurso, justificou a medida alegando, em nota oficial, que suas "metas e prioridades eram diferentes da anterior".

Um levantamento feito pelo "Congresso em Foco", em fevereiro passado, estima que pelo menos mil jornalistas integram o quadro de funcionários da Câmara e do Senado, o que confere ao Legislativo a condição de maior redação da Capital Federal. Desse total, 265 fariam parte do corpo efetivo de servidores da Câmara (108) e do Senado (157). Professores de cursinhos especializados preparatórios dizem que alguns candidatos se preparam há três anos para tentar ingressar no quadro permanente das duas Casas.