Título: Apesar do dia calmo, um plano B
Autor: Doca, Geralda e Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 06/04/2007, Economia, p. 17

"Só repique de loucura pode tumultuar isso", diz presidente da Infraero

Geralda Doca e Ramona Ordoñez

BRASÍLIA e RIO. O feriado começou tranqüilo nos aeroportos, mas a Aeronáutica continua mobilizada para acionar o plano de emergência, caso haja nova paralisação por parte dos controladores de vôo. Até as 18h de ontem, dos 1.366 vôos programados nos 67 aeroportos administrados pela Infraero, apenas 134 - ou 10% - registraram atrasos superiores a uma hora. O cancelamento atingiu 30 vôos (2,7% do total).

No Rio, a situação também foi bastante normal. O Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim registrou 12 vôos atrasados até as 18h, 9,9% dos 121 programados. Houve apenas um cancelamento. Entre os aeroportos com maior índice de atrasos estiveram os de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Confins (Belo Horizonte) e Guarulhos (SP).

Apesar de o tráfego aéreo estar fluindo normalmente, o plano B da FAB continua de pé. Todos os profissionais da área de Defesa Aérea, dos Grupos de Comunicação e Controle (que tem radares móveis) e das torres exclusivamente militares das bases aéreas estão mobilizados - ou foram convocados para o serviço durante o fim de semana ou estão de sobreaviso em casa e não podem viajar.

A Aeronáutica deixou de prontidão, ainda, tripulação e aviões para decolar a qualquer momento, a fim de transportar os radares móveis para locais se os órgãos de controle forem fechados.

A Infraero também enviou comunicado aos superintendentes regionais para que os funcionários fiquem de sobreaviso nos aeroportos com maior movimento. Esse regime será mantido até a noite de segunda-feira.

- O dia foi absolutamente tranqüilo. Tudo indica que a situação voltou ao normal. Só um repique de loucura pode tumultuar isso - disse o presidente da Infraero, José Carlos Pereira.

Ontem à tarde, o movimento de passageiros no aeroporto Tom Jobim estava intenso, porém dentro da normalidade. Houve apenas um trecho cancelado - um vôo da TAM para Porto Alegre, que sairia às 21h55m - e outros tiveram algum atraso.

A maioria dos passageiros procurou chegar cedo para garantir o embarque no horário. Foi o que fez Luciana Gullo, que estava embarcando ontem para Brasília com seu marido e dois filhos pequenos, para passar o feriado de Páscoa com a avó. Luciana chegou quase três horas antes do vôo da Gol marcado para as 19h05m, antes mesmo do marido. Ela foi com o pai, Armando Gullo, os filhos, Henrique e Giovana, e o primo Caio.

- Fiquei com medo de não conseguirmos viajar. Mas combinamos que se estivesse um caos, nós voltaríamos para casa. Chegamos a pensar em ir de carro, mas seria muito cansativo -- disse Luciana.

As amigas Patrícia Farias de Souza e Silvana Rezende também estavam ansiosas para embarcar no vôo da Gol para Salvador, previsto para a noite de ontem. As duas estão viajando de férias e tinham comprado as passagens há um mês e meio.

- Temos que viajar, porque já compramos a passagem, e não tem como mudar as férias. O governo deixou acontecer, não fez qualquer plano para evitar isso - reclamou Patrícia.

No fim deste mês, representantes da Iata (órgão que reúne as principais companhias aéreas do mundo) virão ao Brasil para discutir os problemas no setor e as conseqüências do apagão para as empresas.