Título: A hora da CPI
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 07/04/2007, O Globo, p. 2

Os partidos podem chegar a um acordo para viabilizar o funcionamento da CPI do Apagão Aéreo antes da decisão do Supremo Tribunal Federal. Várias reuniões foram feitas com esse objetivo, e ainda não houve avanço nos entendimentos porque os governistas estão divididos. Os líderes do governo, José Múcio (PTB-PE), e do PT, Luiz Sérgio (RJ), continuam atuando para impedi-la.

O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), considera que criar uma CPI agora é dar um palanque para os controladores de vôo e seus familiares. Mas outros líderes, formais e informais, dos governistas acham que a melhor alternativa é fazer um acordo com a oposição e instalar a CPI logo. Eles argumentam que o governo terá ampla maioria na CPI e que o melhor é tratar do caos aéreo agora, quando ele está ocorrendo, do que esperar pela decisão do STF. Lembram que o custo político de fazer a CPI agora é menor, pois no futuro ela terá o efeito de recolocar na agenda um problema que já terá sido superado. Citam o exemplo da CPI dos Bingos, que o governo impediu de funcionar no Senado, mas que acabou sendo criada por decisão do STF. Só que isso não poderia ter ocorrido em pior momento. Aconteceu quando funcionavam outras duas CPIs contra o governo: a dos Correios e a do Mensalão. A situação era tão adversa para o governo que a oposição tomou conta da CPI e a transformou numa comissão de investigação geral, batizada de CPI do Fim do Mundo.

- Nós não podemos ficar adiando o enfrentamento dos problemas. Não sabemos o que ainda teremos pela frente - resume o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP).

A oposição também tem resistido a um acordo. Ela está convencida de que vencerá no STF. Por isso, não aceita fazer concessões nem quer limitar as investigações. Seus líderes avaliam que a CPI vai acabar saindo de qualquer maneira. Sendo assim, mesmo que a maioria governista a impeça de fazer uma ampla investigação, ela poderá usar isso para acusar o governo de não querer ir fundo nas investigações. Os governistas que não querem nem ouvir falar da CPI dizem que a oposição, a pretexto de investigar o apagão aéreo, está apostando todas as suas fichas num apagão legislativo. Para estes, o mais adequado é esperar pela Justiça, pois esta poderá também definir os parâmetros da CPI.