Título: Infraero afasta 4 funcionários por suspeita de corrupção
Autor: Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 10/04/2007, O País, p. 3

Para líder do PSDB, afastamento seria tentativa do governo de evitar a instalação da CPI do Apagão Aéreo

BRASÍLIA. Um dos alvos da CPI do Apagão Aéreo, a Infraero começou ontem a afastar diretores envolvidos em suspeita de corrupção. A pedido da Controladoria Geral da União (CGU), o conselho de administração da Infraero - presidido pelo ministro da Defesa, Waldir Pires - afastou quatro funcionários da estatal por suspeitas de irregularidade na concessão de área pública no Distrito Federal. Entre eles, apenas o diretor comercial, José Wellington Moura, é do quadro da empresa. Os outros três - Fernando Bendraglia Almeida, superintendente de Planejamento e Gestão e ex-diretor comercial; Napoleão Lopes Guimarães Neto, advogado da Infraero; e Márcia Gonçalves Chaves, assessora da presidência - foram indicados na gestão do deputado Carlos Wilson, ex-presidente da empresa.

Na investigação, em parceira com a Superintendência de Auditoria da Infraero, a CGU afirma que a concessão dada a um posto da Shell foi prorrogada sem licitação. O próximo passo será a abertura de sindicância. O afastamento dos funcionários, porém, pode não ser definitivo. A presidência da Infraero vai convocar uma reunião extraordinária do conselho, porque um parecer da procuradoria jurídica justifica a prorrogação do contrato do posto sem licitação por ordem judicial.

TCU também está vasculhando contratos de obras em aeroportos

Além dessa apuração, corre na CGU uma sindicância sobre indícios de irregularidade na contratação de um software na área de comercialização de espaços publicitários nos aeroportos. O superintendente afastado ontem está entre os envolvidos. Segundo a assessoria de imprensa da CGU, o órgão só está no caso a pedido de Pires, pois já há no ministério uma Secretaria de Controle Interno, responsável por esse tipo de apuração. O Tribunal de Contas da União (TCU) também está vasculhando os contratos da estatal, sobretudo as obras nos aeroportos, diante de denúncias de superfaturamento.

A oposição vai pedir hoje ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, que agilize a divulgação de seu parecer sobre a instalação ou não da CPI do Apagão Aéreo. Os líderes de DEM, PSDB e PPS se encontram às 11h de hoje com o procurador.

Depois que o procurador der seu parecer, o processo volta ao relator no Supremo, ministro Celso de Mello, que poderá pedir, então, que o caso seja posto na pauta do plenário do STF. Na semana passada, ao falar sobre o assunto, o procurador sinalizou que seu parecer seria favorável à CPI.

Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgilio (AM), os afastamentos seriam uma tentativa do governo de evitar a CPI:

- Não sei o que leva o governo a demitir esses diretores depois de negar que houvesse irregularidades na Infraero. Para mim, estão querendo entregar quatro bois para deixar passar uma boiada - disse Virgilio.