Título: Mercado projeta avanço maior do PIB: 3,9%
Autor: Batista, Henrique Gomes e Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 10/04/2007, Economia, p. 18

Previsão para 2007 melhora pela 2ª semana consecutiva na pesquisa do BC, refletindo revisão da economia.

BRASÍLIA e RIO. A revisão da série histórica do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) pelo IBGE finalmente repercutiu nas análises dos economistas das cem maiores instituições financeiras do país. A previsão de crescimento da economia brasileira subiu para 3,9% este ano, segundo a pesquisa semanal Focus, feita pelo Banco Central (BC). No levantamento anterior, de 30 de março, a expectativa era de que a economia crescesse 3,51% este ano - abaixo inclusive do resultado de 2006, quando houve expansão de 3,7%.

Esta é a segunda semana consecutiva em que os economistas melhoram as previsões sobre o crescimento do PIB de 2007, mas é a primeira em que essa revisão é realmente significativa. O mercado também elevou a expectativa de crescimento econômico para 2008, de 3,6% na pesquisa anterior para 3,9% no levantamento realizado no dia 5 e divulgado ontem.

Melhora previsão para dívida pública e superávit

Os novos números do IBGE também alteraram a previsão para o comportamento da relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB: ela deve encerrar o ano em 46,5%, contra uma estimativa de 48,4% na última semana de março.

A pesquisa do BC também traz uma expectativa melhor sobre outros importantes indicadores econômicos. Para os economistas, o ano de 2007 terminará com um superávit comercial de US$39,7 bilhões, contra uma previsão, na semana anterior, de US$39,45 bilhões.

Os números do saldo do balanço de pagamentos do país para o ano também aumentou: passou de US$8 bilhões na pesquisa anterior para US$8,35 bilhões.

Em relação aos juros, a expectativa de que a Taxa Selic encerre 2007 em 11,5% ao ano não foi alterada, mas a média dos juros para o ano caiu de 12,16% para 12,13%, indicando uma queda mais acentuada no início do ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne nos dias 17 e 18 para decidir sobre a Selic.

Os economistas indicaram, no levantamento, que o dólar tende a terminar o ano mais barato, o que desanima os exportadores. Segundo a pesquisa, a moeda americana deve encerrar 2007 valendo R$ 2,10 - um centavo a menos que no levantamento de 30 de março.

Inflação ficou estável no mês passado, segundo FGV

Os produtos agrícolas - em especial soja e milho - ficaram mais baratos no atacado em março. Com isso, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 0,22% no mês passado, ficando praticamente estável em relação a fevereiro, quando houve uma alta de 0,23%. No ano, a taxa acumula alta de 0,88%. Em 12 meses, de 4,49%.

O Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% da taxa do IGP-DI, passou de uma alta de 0,19% para 0,11%. As commodities contribuíram para a desaceleração no setor. Os preços da soja, em queda de 1,54%, e do milho, em baixa de 7,63%, pesam muito no índice, e estão em desaceleração devido à safra.

- Em breve, essas quedas devem chegar ao varejo - explicou Salomão Quadros, economista da FGV.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - que representa 30% do IGP-DI - fechou em alta de 0,48%. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,27%.