Título: Jovens de Brasília tramavam morte pela internet
Autor:
Fonte: O Globo, 11/04/2007, O País, p. 10

Segundo a polícia, três universitários planejavam crime contra adolescente; menor participou.

BRASÍLIA. Três jovens de classe média de Brasília foram indiciados ontem por terem planejado pela internet, segundo a polícia, a morte de um adolescente. O crime, que não chegou a acontecer, foi combinado de forma detalhada numa sala de bate-papo da rede de computadores pelos três e por um menor, aluno do ensino médio. Os diálogos foram interceptados pela Polícia Civil do Distrito Federal após uma denúncia anônima, e revelavam que o assassinato aconteceria esta semana. Os quatro jovens haviam planejado jogar o corpo da vítima numa represa nos arredores da capital.

¿Eu vou matar ele esta semana. Não quero pesar para o lado de ninguém. A gente já esquematizou. Vamos mandar a galerinha aqui matar ele e jogar no Santo Antônio. Ninguém vai saber. Pra fazer o mal tem que ter a manha, véi. Cabeça fria. Tem que ser na filosofia de Maquiavel¿, escreveu um dos acusados na conversa interceptada.

Os três maiores responderão, em liberdade, pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção de menor e porte de armas. A pena pode chegar a dez anos de prisão. Os acusados foram à delegacia prestar depoimento, mas não chegaram a ser detidos. O menor será investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente. A polícia não divulgou os nomes dos envolvidos.

O crime seria motivado por ciúme. A ex-namorada de um dos jovens teria tido um romance com um conhecido do grupo. A partir do episódio, os dois começaram uma discussão pela internet e marcaram um encontro para acertar contas. O adolescente que tinha se envolvido com a ex-namorada do outro chegou com dois rapazes, um deles armado. O encontro serviu como ameaça.

Ontem, o rapaz que seria vítima do grupo soube que sua morte estava sendo planejada. A polícia monitorou as mensagens e apreendeu computadores nas casas dos jovens, na Asa Sul e no Sudoeste, bairros da classe média brasiliense. Foram encontrados nos arquivos mais de 30 fotos dos acusados usando bebidas e drogas. Algumas imagens mostravam integrantes do grupo posando com uma arma. Também foi apreendido um comprimido de ecstasy.

Em depoimento à polícia, o grupo alegou que tudo não passou de brincadeira. Reconheceram, no entanto, que o revólver era autêntico. O dono da arma, um vigia de cemitério, foi localizado e preso. Ele admitiu ter emprestado a arma aos jovens.

¿ Os adolescentes disseram que a combinação do crime era uma brincadeira, mas admitiram que a arma era de verdade ¿ disse a delegada Susana Machado.

Ela não achou necessário pedir a prisão preventiva pelo fato de os jovens estudarem, terem endereço fixo e morarem com as famílias. Os pais dos jovens também prestaram depoimentos. O grupo ainda estaria tramando pela internet um segundo crime, cujos detalhes não foram revelados pela polícia.

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