Título: Previdência: direito adquirido em xeque
Autor: Vasconcelos, Adriana e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 11/04/2007, Economia, p. 22
Ministro diz que reforma pode afetar situação dos atuais trabalhadores.
BRASÍLIA. O novo ministro da Previdência, Luiz Marinho, admitiu ontem, em sua primeira entrevista coletiva no cargo, que a reforma da Previdência, em estudo no fórum organizado pelo governo, poderá alterar a situação dos atuais trabalhadores.
- Nós queremos isso (que os atuais trabalhadores sejam afetados pelas novas regras), mas talvez o conjunto da sociedade pense diferente. Não sabemos como será a regra de transição, se para a próxima geração ou se ela deve começar já nesta - afirmou.
O governo vinha dizendo até então que os direitos adquiridos seriam mantidos.
- Todos afirmam que o governo deve respeitar os contratos, mas muitos defendem que o governo quebre os contratos com os trabalhadores - disse Marinho.
Marinho afirmou ainda que a questão da idade mínima para aposentadoria será discutida e que a constatação de que há pessoas que passam mais tempo na vida aposentadas do que trabalhando não é um déficit previdenciário, mas uma distorção do mercado de trabalho.
Ele também reagiu às críticas de que o Brasil paga aposentadoria por morte de forma integral, sem levar em conta o tempo de contribuição:
- Afirmam que não exigimos nada. Como não exigimos nada? Alguém precisa ter morrido.
Ele acredita que os debates do fórum se encerrarão em agosto e que a reforma poderá andar rapidamente no Congresso, mesmo sendo um assunto polêmico e com o retrospecto da reforma sindical, que foi debatida por dois anos e está parada na parlamento.
- Eu tenho esperança que o Congresso aprove a reforma previdenciária, a reforma trabalhista, a sindical e todas as outras de que o povo brasileiro precisa - disse.