Título: Nos presídios, bloqueadores obsoletos
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 12/04/2007, O País, p. 8

Nas ruas, aparelhos portáteis impedem vítimas de chamar a polícia.

BRASÍLIA. Os bloqueadores instalados nos presídios do Rio e de São Paulo em 2002 já estão obsoletos e desatualizados. Isso porque não conseguem mais cumprir o seu papel de impedir a comunicação de vários tipos de celulares, com tecnologias que surgiram depois. A informação foi dada ontem pelo superintendente de Radiofrequência e Fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Edilson Ribeiro Santos, durante audiência pública nas Comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e de Ciência e Tecnologia da Câmara.

Santos explicou que um dos problemas para instalar os bloqueadores nos presídios é seu alto custo. A estimativa da Anatel é de que o custo seja de R$100 mil por faixa de freqüência. Para que o bloqueio funcione, onze faixas de freqüência precisam ser monitoradas - como as de celular, de telefone fixo sem fio e da nova geração de celulares que será implantada.

Na projeção do deputado Júlio Semeghini (PSDB-SP), para um presídio de uma cidade do interior, seria preciso um investimento de R$300 mil a R$400 mil. Para um em grande centro urbano, R$1 milhão. Dos 1.076 presídios do país, deverão ser instalados equipamentos em cerca de 300.

Segundo Santos, a manutenção dos bloqueadores deve ser constante. É preciso correções de antena quando chove e nas vezes em que as operadoras realinham suas antenas.

O secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, disse que são apreendidos 200 celulares por mês nos presídios paulistas e que é impossível impedir a entrada dos celulares, devido às várias técnicas para levar os aparelhos aos presídios.

Enquanto o governo ainda discute a instalação de bloqueadores, os bandidos estão usando equipamentos que impedem a população de acionar a polícia pelo celular durante os assaltos. Foram apreendidos pela Anatel dez bloqueadores de celular portáteis que estavam sendo vendidos em lojas de São Paulo. Segundo Santos, esses equipamentos custam cerca de R$100, mas não são certificados pela Anatel e sua venda é proibida. No entanto, ele reconheceu que os bandidos conseguem estes aparelhos pela internet.

- Bandidos utilizam o equipamento para evitar que as pessoas chamem a polícia. Esses equipamentos emitem um sinal que interfere (no funcionamento do celular). Aí vai dar o sinal não disponível, erro de ligação, ligação perdida e não completa a ligação - disse Santos.