Título: PMDB tenta mostrar unidade a Lula para conseguir mais cargos
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 12/04/2007, O País, p. 14

Presidente diz que pretende conversar com os partidos de oposição.

BRASÍLIA. Foi um encontro social, cheio de salamaleques e tapinhas nas costas, mas era clara a intenção do PMDB de mostrar unidade ao reunir para um jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cerca de 150 pessoas - entre elas, cinco ministros do partido, seis governadores, cinco vice-governadores, 20 senadores, 92 deputados, mais duas dezenas de presidentes de diretórios regionais e integrantes da executiva sem mandato parlamentar. Com essa demonstração de força, o PMDB espera ver atendidas suas indicações para os cargos federais e de segundo escalão.

Ao chegar para o jantar, na residência oficial do Senado, Lula disse que fará reuniões e terá muitas conversas com os partidos aliados para consolidar a aliança em torno do governo.

- Essa é a primeira de uma série de reuniões que pretendo fazer. Quero conversar com toda a base aliada, na Câmara e no Senado, e com os governadores, para que a gente estabeleça uma aliança programática com o PMDB, para discutir as coisas mais importantes para o Brasil.

"O PT não pode ficar com os principais cargos no Nordeste"

Depois de consolidar esse processo, Lula quer conversar com os partidos de oposição:

- Eu já tinha dito ao senador Antonio Carlos Magalhães que queria conversar com todo mundo, porque, afinal de contas, o objetivo de todos nós é fazermos o melhor para o Brasil.

Lula disse que as divergências entre os partidos e o governo serão resolvidas pelas direções partidárias e seus parlamentares. O jantar ocorreu no momento em que o PMDB trava uma queda-de-braço para ocupar espaços que, no primeiro mandato, foram dos petistas. As principais reivindicações foram enviadas ao ministro Walfrido dos Mares Guia, que esta semana informará aos líderes peemedebistas quais delas poderão ser atendidas de imediato.

Ontem o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, entregou à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a indicação de Orlando Castro, atual presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, para a presidência da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). O encontro com Dilma foi precedido de uma negociação com o governador do Piauí, o petista Wellington Dias, padrinho do atual presidente da empresa, Luiz Carlos Ewerton de Farias.

- Queremos construir uma coalizão para valer. O PT não pode ficar com os dois principais cargos federais do Nordeste: as presidências do Banco do Nordeste e do DNOCS - disse o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).