Título: Lula analisa pedido de Forças Armadas no Rio
Autor: Franco, Ilimar e Magalhães, Luiz Ernesto
Fonte: O Globo, 12/04/2007, Rio, p. 18

Presidente se reúne hoje em Brasília com ministro da Defesa, Waldir Pires, para discutir ajuda federal na segurança

BRASÍLIA e RIO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje em Brasília com os ministros da Defesa, Waldir Pires, e da Justiça, Tarso Genro, mais o secretário do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, para tratar do pedido feito pelo Estado do Rio de apoio das Forças Armadas na segurança pública. Ao chegar ontem para jantar na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o presidente Lula e a bancada do PMDB no Senado, o governador Sérgio Cabral disse que Lula "recebeu com carinho" o pedido de ajuda ao Rio, que "é sério e necessário".

- Estou otimista e acreditando nesta parceria - disse Cabral.

Para o governador, o assunto deve ser resolvido num prazo bastante curto. Ele disse que será garantida a autonomia das Forças Armadas e do governo do Rio:

- Vai ser uma parceria produtiva, com resultados positivos para a tranqüilidade da população do Rio. A colaboração é para estabelecer um policiamento ostensivo de determinadas vias do Rio, além de demandas específicas que requerem uma maior especialização. As três forças têm o maior contingente no Rio. Não seriam soldados iniciantes, mas as forças especializadas da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. O Rio enfrenta uma crise e reconhecemos que ele não é capaz de enfrentar sozinho. Em todos os países, como na Colômbia, o resultado veio do trabalho conjunto - disse Cabral.

Mais cedo, no Rio, Lula não se comprometeu com prazos nem adiantou quantos homens poderiam ser cedidos.

- Vamos decidir, de forma muito ordenada, muito cuidadosa o que as Forças Armadas podem fazer para ajudar a combater a violência no Rio de Janeiro. E, sobretudo, manter a tranqüilidade - afirmou.

Segundo Lula, também serão necessárias reuniões no Rio entre Waldir Pires, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e as autoridades de segurança do estado. Os encontros teriam o objetivo de mapear as áreas mais problemáticas e planejar as tarefas de forma a evitar a superposição de funções.

- Os marginais são exceções. A maioria da população do Rio é ordeira. Temos que combater o crime com firmeza, mas sempre com muito cuidado para não cometer injustiças. É preciso mapear os lugares para que não haja choque das atividades desenvolvidas pela PM, a Polícia Civil e as forças militares - afirmou o presidente.

Em documento entregue a Lula formalizando o pedido, Cabral reconhece que o Rio já vive há algum tempo uma crise na área de segurança pública. Afirma também que tem sido muito difícil, com os recursos disponíveis, impedir o avanço da criminalidade. E lembra que a realização dos Jogos Pan-Americanos (13 a 29 de julho) dará enorme visibilidade ao país, atraindo um grande número de pessoas para o Rio. No pedido, Cabral informa que deseja a permanência das tropas na cidade pelo prazo de um ano.

Em entrevista ao RJ-TV, o secretário estadual da Casa Civil, Regis Fitchner, admitiu que as Forças Armadas terão autonomia para atuar na cidade.

- A idéia é que as Forças Armadas atuem nas vias expressas e no entorno dos próprios quartéis militares que nós temos no Rio - disse.