Título: FMI prevê crescimento maior e sugere juro menor
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 12/04/2007, Economia, p. 31

Fundo eleva projeção de 3,9% para 4,4% em 2007, mas diz que Brasil terá que resolver questões estruturais.

WASHINGTON. Ao alterar para melhor a estimativa de crescimento para o Brasil em 2007 - de 3,9% previstos em setembro passado para 4,4% agora - o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu ao governo, ontem, que continue reduzindo os juros "para que a economia cresça ainda mais".

Segundo o Fundo, um dos motivos da economia brasileira estar crescendo é justamente porque "ela já está respondendo às substanciais reduções dessas taxas realizadas nos últimos dois anos", e é preciso prosseguir com essa política:

- O Brasil passou por um período de ajustes, reduzindo a inflação a baixos níveis e isso deu espaço para que o Banco Central (BC) reduzisse progressivamente os juros. Eles continuam altos e não vemos razão para que permaneçam em níveis altos a médio prazo - disse Charles Collyns, vice-diretor do Departamento de Pesquisas do FMI, durante a divulgação do informe "Perspectivas da Economia Mundial 2007".

Segundo ele, o Fundo acha que o ritmo das reduções adotado pelo BC, de forma gradual e mantendo a inflação sob controle, é adequado. No entanto, disse, para que o Brasil obtenha os índices de crescimento compatíveis com o seu potencial o governo terá de lidar com fatores estruturais que retardam esse tipo de salto, como índice de gastos públicos alto, peso dos impostos, entre outros.

Para o vice-diretor, o FMI acredita que, ao longo do tempo, o Brasil conseguirá um crescimento mais rápido, pois "o governo conhece bem os problemas existentes e está se mexendo no sentido de resolvê-los". O Fundo elogia o Bolsa Família, dizendo que beneficia muito os pobres, mas destaca que poderia ser melhor: "em termos de gastos públicos, o que é aplicado é modesto, em tamanho, em relação a outros programas".

Segundo as previsões do FMI, o Brasil crescerá 4,4% este ano e 4,2% em 2008. A Argentina, que no ano passado cresceu 8,5%, terá 7,5% em 2007 e baixará para 5,5% em 2008. A queda mais acentuada está prevista para a Venezuela. Após os 10,3% do ano passado, crescerá 6,2% este ano e 2% em 2008.