Título: BNDES: nomes do mercado na lista
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 12/04/2007, Economia, p. 34

Ministros do Desenvolvimento e da Fazenda indicam candidatos para o banco.

BRASÍLIA. A sucessão no BNDES é motivo de disputa nos bastidores do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu indicações para o cargo, não apenas do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Também lançaram seus nomes o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e até o ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan. Jorge apresentou pelo menos dois nomes de executivos ligados ao Banco Santander: Afonso Celso Flecha de Lima, superintendente de Assuntos Governamentais; e Gustavo Murgel, ex-vice-presidente de Atacado do banco. Lula deve bater o martelo sobre essa escolha nos próximos dias. Mas já adiantou a interlocutores que quer um técnico à frente do BNDES.

O executivo Afonso Celso Flecha de Lima é muito ligado a Miguel Jorge e à ex-ministra da Indústria e Comércio Dorothéa Werneck, de quem Jorge é também amigo. O ministro trabalhou com Flecha de Lima e Murgel no Santander e considera que eles têm perfil adequado para presidir o BNDES.

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou a defender o nome do economista Luciano Coutinho, depois que viu naufragarem as possibilidades de Demian Fiocca permanecer no cargo. Em conversa reservada com Miguel Jorge, Mantega - que indicou Fiocca para o BNDES - chegou a sugerir que ele fosse deslocado para a vice-presidência do banco, se o presidente Lula decidir por um nome do mercado financeiro indicado pelo ministro do Desenvolvimento.

Ex-presidente da Ford está na lista para o banco

Coutinho tem interlocução direta com Lula e faz parte do grupo de desenvolvimentistas que assessoram o governo informalmente. Mas enfrenta a resistência de Jorge, que praticamente descartou o nome de Coutinho em entrevista na terça-feira, embora o economista não esteja totalmente fora do jogo.

Nos últimos dias, Lula também mandou emissários sondarem o presidente da Apex, Juan Quirós, indicado pelo ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, mas Quirós não agrada ao Ministério da Fazenda e deve deixar o governo, já que integra a chapa de Paulo Skaf na próxima eleição da Fiesp.

Outro nome que aparece na bolsa de apostas para comandar um orçamento de R$60 bilhões é do executivo Antonio Maciel Neto, ex-presidente da Ford para a America Latina e atual presidente da Suzano Papel e Celulose. Maciel trabalhou com Dorothéa Werneck no Ministério da Indústria e Comércio. Ele seria um curinga na cota de Miguel Jorge.