Título: Diretor de Política Monetária deixa BC
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 12/04/2007, Economia, p. 34

Azevedo pede demissão e é substituído por Torós. Mesquita deve se fortalecer.

BRASÍLIA. O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Rodrigo Azevedo, um dos integrantes mais conservadores da instituição, pediu demissão do cargo e será substituído pelo economista Mario Torós, ex-vice-presidente de Tesouraria e Mercado do Santander. O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que a fase de transição para o segundo mandato de Lula está encerrada, confirmando os demais diretores. Para o mercado, a configuração cria um novo homem forte do BC, que deve centralizar a formulação das diretrizes da instituição: Mário Mesquita, na diretoria de Política Econômica.

Mesmo sendo a segunda alteração na diretoria em pouco tempo - Afonso Bevilaqua cedeu o lugar a Mesquita há um mês - Meirelles garantiu que nada muda nas políticas de juros e de câmbio, cuja implementação estará a cargo de Torós:

- Não haverá mudanças na política cambial, que não é do diretor. A política é definida pelo colegiado do BC, seguindo uma orientação do governo.

A combinação de Azevedo com Meirelles, quando entrou em julho de 2004, era ficar por dois anos. Como o prazo expirou durante o processo eleitoral, Meirelles pediu que ele esticasse a estada. Interlocutores de Azevedo afirmam que o baixo salário e a incerteza gerada pelo fato de não haver mandato fixo no BC - o que o impediu de se mudar com a família para Brasília - pesaram. A pressão política sobre o BC não teria contribuído. Uma avaliação em alas da Esplanada é que, se o governo desaprovasse a atuação do BC, o presidente Lula já teria trocado a diretoria.

- Azevedo saiu por motivos pessoais, quer voltar a São Paulo, ficar próximo de sua família e voltar à iniciativa privada - confirmou Meirelles.

O nome do carioca Torós, de 43 anos, foi uma sugestão de Azevedo. Como comandante da área de mercado do Santander, Torós mantinha contato permanente com o diretor de Política Monetária. Segundo uma fonte próxima ao novo integrante do BC, ele é "naturalmente afinado com com a condução da macroeconomia e sempre apostou muito no sucesso da política em curso". A avaliação do mercado financeiro é que Torós será um diretor técnico, por isso, Mário Mesquita sairá fortalecido.