Título: Tio de ministro é preso por tráfico de animais
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 13/04/2007, O País, p. 5

PF prende mais 19 da quadrilha.

BRASÍLIA. A Polícia Federal prendeu ontem em Lauro de Freitas, na Bahia, o empresário Jaime Vieira Lima, tio do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), e mais 19 pessoas acusadas de participar de uma quadrilha de tráfico de animais silvestres. Vieira Lima também foi indiciado por posse ilegal de uma espingarda calibre 12. Na operação, batizada de Arara Negra, a PF apreendeu mais de mil araras azuis, cágados, iguanas, lobos-guará e jabutis, entre outros animais.

Vieira Lima e os demais acusados foram indiciados por formação de quadrilha, receptação de produto de crime e tráfico de animais silvestres. As araras azuis são, segundo a polícia, pássaros em risco de extinção. No mercado internacional, uma arara azul pode custar até US$30 mil. O grupo é acusado de traficar 1.500 animais por mês. A PF tenta localizar mais cinco integrantes da organização, que também tiveram mandados de prisão decretados pela Justiça Federal de Feira de Santana.

- Foi a maior operação de combate ao tráfico de animais silvestres já feita no país. Antes, eram feitas pequenas operações em feiras, agora, fizemos uma investigação mais abrangente - disse o superintendente da PF na Bahia, Cesar Nunes.

Segundo ele, os animais eram capturados no interior da Bahia e levados para um viveiro em Feira de Santana (BA), Irará e para o Planeta Zôo, sítio de Vieira Lima em Lauro de Freitas, nas proximidades de Salvador. Depois, eram revendidos a compradores do Rio de Janeiro e São Paulo. A polícia suspeita que alguns animais eram contrabandeados para o exterior. Em Feira de Santana, uma arara azul pode ser vendida até por R$3 mil.

Jaime Vieira Lima foi preso na casa dele, num condomínio de classe média alta. No escritório dele, no Planeta Zôo, a PF apreendeu uma escopeta e um computador. Momentos depois da prisão do tio, Geddel Vieira Lima, pediu informações à direção da PF sobre o caso. Mas, segundo um delegado da PF, o ministro não fez pressão.

Vieira Lima comprava animais capturados de forma ilegal no interior da Bahia. Para camuflar as irregularidades, ele fixava anilhos nas patas ou nos pescoços das aves com falsas informações de que eram nascidos no Planeta Zôo.