Título: Apagão: governistas tentam limitar CPI á Câmara
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Fonte: O Globo, 13/04/2007, O País, p. 10

Senadores do PSDB e DEM já conseguiram as assinaturas necessárias para abrir investigação também no Senado

BRASÍLIA. Menos de 24 horas depois de começar a colher assinaturas em apoio à instalação de uma CPI no Senado para investigar a crise aérea, a oposição já havia conseguido o apoio de 27 senadores. Embora o número seja suficiente para a apresentação do requerimento à Mesa da Casa, o PSDB e o Democratas só devem encaminhar o documento na próxima semana para que a lista aumente um pouco mais e, assim, os dois partidos tenham uma margem de folga para a eventualidade de algum parlamentar recuar.

¿ Só existe uma hipótese de essa CPI no Senado não ser instalada: se nossos companheiros na Câmara acharem mais conveniente que a investigação ocorra apenas lá ¿ avisou o líder do Democratas, senador Agripino Maia (RN).

Renan tenta impedir apresentação do pedido

Diante da possibilidade de instalação da CPI no Senado, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem maioria confortável, os governistas saíram em campo para tentar retomar o controle da situação. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), passaram ontem o dia tentando impedir a apresentação do requerimento da CPI na Casa, argumentando que o ideal é que a investigação seja realizada pela Câmara. Renan conversou com o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e almoçou com Roseana e o senador Edson Lobão (DEM-MA):

¿ Politicamente, sou contra a CPI, mas, como presidente do Senado, darei conseqüência regimental ao requerimento. Espero que seja apresentado. Essa Casa não quer essa CPI.

O líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), fez uma primeira sondagem entre alguns representantes do Democratas e do PSDB para saber se aceitariam limitar a investigação sobre o apagão aéreo na Casa, caso a CPI fosse instalada logo ¿ antes de o Supremo Tribunal Federal se pronunciar sobre o recurso que contesta a decisão do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), referendada pelo plenário, de arquivar o pedido de criação da comissão. Essa proposta dependeria de uma aprovação de Chinaglia.

¿ Não tenho dúvida de que o Supremo dará ganho de causa à oposição, mas ficaria surpreso se o presidente Lula fizesse Chinaglia engolir sua palavra de esperar o Supremo, sob pena de ser desmoralizado ¿ afirmou o líder da minoria na Câmara, deputado Júlio Redecker.

Oposição ainda pensa em investigação mista

José Múcio tentou negar a estratégia do governo. Mas ele procurou ontem os líderes do PSDB, Antonio Carlos Pannunzzio (SP), e do DEM, Onyx Lorenzoni (RS), e o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). Na segunda-feira, o líder governista espera ter uma nova conversa com a oposição, que agora volta a pensar na CPI mista.

¿ Se o Senado não se movesse, não teríamos nada. Mas como o governo já percebeu que lá a CPI pode sair, começaram as nos procurar para tentar restringir a investigação à Câmara. Sou favorável a uma CPI mista, mas ainda tem gente querendo as duas CPIs ¿ admitiu Aleluia.

No Senado, o governo dificilmente terá força para eleger o presidente e o relator da CPI do Apagão.