Título: Lula parabeniza Tarso, que elogia Lacerda
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Fonte: O Globo, 14/04/2007, Rio, p. 16

A MÁFIA OFICIAL: OAB vai designar representantes para acompanhar o caso nos estados onde houve prisões

Ação contribui para melhorar ainda mais imagem da PF no governo. AMB defende investigação com ampla defesa

BRASÍLIA e RIO. A Operação Hurricane (furacão, em inglês), que resultou na prisão de bicheiros e de autoridades do Judiciário e do Executivo federais, colaborou para deixar ainda melhor a reputação da Polícia Federal dentro do governo. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para o ministro da Justiça, Tarso Genro, para dar os parabéns pelo sucesso da ação. Hierarquicamente, a Polícia Federal é ligada à pasta da Justiça. Logo em seguida, Tarso telefonou ao diretor da corporação, Paulo Lacerda, para transmitir o elogio feito pelo presidente.

OAB preocupada: ação atingiu em cheio a Justiça

À noite, o ministro reuniu-se com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), César Britto, para avaliar os efeitos da operação. Britto informou que a OAB designará representantes nos estados onde houve prisões - Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal - para acompanhar o caso. A OAB está preocupada principalmente porque a ação atingiu diretamente o Judiciário. Além disso, existem muitos advogados entre as pessoas detidas ontem pela Polícia Federal.

- Fui informado pelas seccionais da ordem que as prisões na Operação Hurricane foram mais sigilosas e menos espalhafatosas que em operações anteriores. No entanto, não temos ainda uma visão global de todas as prisões - declarou Britto, evitando comentar diretamente o escândalo.

AMB: desvendado foco de corrupção na magistratura

A Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) divulgou nota oficial pedindo investigação severa, mas com amplo direito de defesa dos acusados:

"A magistratura brasileira defende a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos eventuais culpados, preservando-se, como garantia do Estado Democrático de Direito destinada a todo e qualquer cidadão, o devido processo legal, com o contraditório e o amplo direito de defesa", diz o texto.

A AMB também se comprometeu a acompanhar os desdobramentos da investigação. Para o presidente da entidade, Rodrigo Collaço, a operação foi importante para desvendar esse foco de corrupção na magistratura. Ele considerou muito graves os fatos apontados pela polícia.

- O Judiciário não pode ser contaminado por corrupção, porque isso compromete a credibilidade de todo o poder. Esse episódio comprova que o Judiciário não age com corporativismo, porque as prisões foram determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - afirmou o presidente da entidade.