Título: Governo: denúncias são 'perfumaria'
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 15/04/2007, O País, p. 13

"Ex-marido, ex-cunhado e ex-mulher do ex-cunhado não são parentes"

BELÉM. Para o governo do Pará, "não passam de perfumaria" as acusações de nepotismo, o uso de avião do governo para fins particulares, o loteamento dos cargos entre aliados de Jader Barbalho (PMDB) e a contratação da cabeleireira e da médica da governadora Ana Júlia Carepa (PT). É o que afirma o consultor-geral do governo, Carlos Botelho, escalado por Ana Júlia para dar entrevista, uma vez que ela argumentou que estava com a agenda lotada e não teria tempo.

- Esta é uma pauta de fofoca. Há pouca atenção para o principal e muita atenção para a perfumaria - afirmou Botelho, que negou que a governadora esteja fazendo nepotismo:

- Ex-marido, ex-cunhado e ex-mulher do ex-cunhado não são parentes - disse.

Sobre a contratação dos irmãos da governadora para os cargos de secretário-adjunto de Esportes e diretor da escola técnica do SUS, Botelho afirmou que o primeiro é funcionário público há 14 anos e foi convidado pela secretária de Esportes, Lúcia Penedo. O mesmo, segundo Botelho, aconteceu com o outro irmão de Ana Júlia, o médico Luís Roberto Carepa, que teria sido convidado pelo secretário de Saúde, Hermélio Sobral Neto, para cargo de terceiro escalão.

Quanto ao primo da governadora Arthur Emílio Carepa Alivert, Botelho afirmou que ele já ocupava cargo de confiança por oito anos, nos mandatos do PSDB, e Ana Júlia apenas o manteve. A explicação para a contratação do namorado da governadora, Mario Fernando Teixeira Nery da Costa, é a questão de confiança:

- O doutor Mário é diretor do hangar, é piloto. Atua conosco há muito tempo e qual o problema? O transporte aéreo no Pará é essencial e é necessário uma pessoa de confiança.

Sobre a viagem da governadora para Salinas durante a Páscoa, o consultor-geral afirmou que, apesar de ter sido publicada no Diário Oficial do estado a autorização para pagamento de diárias para 28 assessores a acompanharem, isso não chegou a acontecer. Quem seguiu com a governadora foram seguranças, cozinheira e pessoal operacional.

Botelho negou que o deputado Jader Barbalho (PMDB) tenha influência no governo, e defendeu a contratação de pessoas indicadas por ele recorrendo ao mesmo argumento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para justificar a contratação de suspeitos de irregularidades.

- Não há nenhuma condenação contra eles. Jader apoiou Lula, desde o primeiro turno, e nos apoiou no segundo turno. Ele é o presidente do PMDB no estado, e é natural que, numa aliança, os partidos que apoiaram o governo participem dele - afirmou. - Pela Constituição, as pessoas que não são condenadas gozam da presunção da inocência.