Título: Católicos perdem terreno nas periferias
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 15/04/2007, O País, p. 14

Pesquisadores afirmam que evangélicos e pessoas sem religião proliferam entre excluídos de direitos sociais.

SÃO PAULO. País mais católico do mundo, o Brasil não anda tão fiel à religião. Além de perder rebanho em ritmo de quase um ponto percentual ao ano, os católicos já são minoria em regiões que apresentam as maiores taxas de crescimento populacional e de exclusão, onde não há misturas sociais, como as periferias das capitais do Sudeste, revelam estudos acadêmicos sobre a religiosidade brasileira. Com a visita do Papa Bento XVI, em maio, os católicos que viraram minoria nesses bolsões esperam ganhar terreno nas suas ainda tímidas batalhas santas.

¿ Aqui é muito difícil ser católico, é como se não estivéssemos no Brasil. Mas, com a vinda do nosso grande pastor, vamos conseguir reconduzir o rebanho ¿ diz Adriana Maria de Jesus, moradora de Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, uma das regiões de maior concentração de evangélicos pentecostais e de sem-religião do país.

Os bolsões de exclusão, onde os católicos viraram minoria, foram mapeados por um grupo de pesquisadores, entre eles o cientista político Cesar Romero Jacob, a partir de dados do IBGE. Segundo ele, na região onde vive Adriana, há 52% de evangélicos pentecostais e pessoas sem religião, contra 40% de católicos. O fenômeno ocorre nas favelas entre a Linha Vermelha e a Avenida Brasil, no Rio, e em Vitória e Belo Horizonte.

¿ Os pobres continuam católicos. A redução acentuada acontece onde se concentram os excluídos de direitos sociais: nas novas periferias urbanas e nas fronteiras agrícolas (Norte e Centro-Oeste), ou seja, onde estão os dois grandes fluxos migratórios do país. Não há relação entre pobreza e aumento do pentecostalismo, mas sim com ser pobre onde não há misturas sociais ¿ afirma Jacob.

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