Título: Brasil vende mais armas para os Estados Unidos
Autor: Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 15/04/2007, O País, p. 16

Nos últimos 15 anos, país exportou US$1,8 bilhão

BRASÍLIA. O Brasil vende armas para 70 países. Mesmo sendo grandes produtores, os Estados Unidos são os maiores compradores das armas brasileiras. Em seguida, vêm Indonésia, Iêmen, Argentina e Alemanha. Os números de exportações por países não foi divulgado. Segundo estudo da ONG Comunidade Segura, nos últimos 15 anos, o Brasil exportou US$1,18 bilhão, dos quais US$802 milhões em armas e US$377 milhões em munições.

Apesar dos números expressivos, especialistas dizem que o cidadão comum não está se armando mais, como chegou a ser cogitado após o resultado do plebiscito.

- Os compradores não militares são, principalmente, empresas de segurança privada. Exigências impostas pelo estatuto do desarmamento, em 2003, como taxas e cursos, dificultam o acesso a cidadãos comuns. Indicação disso é o fechamento de lojas de armas. No Rio, por exemplo, só há três abertas - diz Pablo Dreyfus, pesquisador do Projeto de Desarmamento e Controle de Armas de Fogo do Viva Rio e do Instituto de Estudos da Religião (Iser).

Coordenador da campanha do "Não", o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) diz que a indústria bélica brasileira tem grande importância na economia do país e que não pode ser responsabilizada pelo retorno das armas de forma clandestina:

- A culpa é do Exercito e da Polícia Federal que não policiam as fronteiras como deveriam.

Hoje, há cinco empresas que produzem armas no Brasil, mas o mercado é dominado pela Forjas Taurus, CBC e pela Imbel (estatal). A Taurus foi responsável por 69% do total exportado de armas pequenas no período. De 1990 a 2005, a empresa teve média de faturamento real de R$164 milhões por ano. O faturamento ficou divido assim: 15% para o poder público, 21% para o mercado civil (a maioria empresas de segurança), 47% em exportações para os EUA e 17% para mais de 70 países.

Apesar do desempenho, os poucos dados disponíveis indicam que o mercado interno desaqueceu. Mesmo com altas médias de lucro líquido nos últimos anos, a Taurus se viu obrigada a diversificar a produção para não perder faturamento. De 1999 a 2000, o faturamento de armas representava em média 62% das vendas da Forjas Taurus. De 2001 a 2005, caiu para 47%. A empresa hoje produz mais armas não letais e outros produtos, como capacetes, ganhando como novos clientes as guardas municipais, por exemplo.

A estatal Imbel também conquistou espaço no mercado internacional. Desde 1998, tem convênio com o governo americano para fornecer pistolas Colt 45 a equipes de resgates de seqüestrados do FBI. Segundo o Sistema de Controle Fabril do Exército (Sicofa), a Imbel relatou produção de 334.534 armas de pequeno porte entre junho de 1977 e junho de 2004.