Título: Meia volta
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 16/04/2007, O Globo, p. 2

A oposição sofreu um revés político na última semana. O DEM e o PSDB perderam o apoio do PPS, cuja Executiva decidiu que o partido não fará oposição sistemática ao governo do presidente Lula. A direção do PPS chegou à conclusão que, se mantivessem uma postura radical, eles marchariam para o isolamento político. Isso seria desastroso, tendo em vista as eleições municipais de 2008.

O líder na Câmara, Fernando Coruja (SC), afirmou que não é prudente engessar o PPS ao destino da aliança PSDB-DEM. Até mesmo porque, lembrou, ela está desmilingüida. Além disso, concluíram que não deveriam fechar as portas a entendimentos nacionais ou regionais com os 11 partidos que integram a base parlamentar do governo. Afinal, o único prefeito de capital filiado ao PPS, José Fogaça em Porto Alegre (RS), governa com o apoio do PDT, do PTB e do PP.

- Vamos continuar em cima dos erros do governo, mas não fazer oposição sistemática. Nós já tínhamos abandonado a obstrução das votações por causa da não instalação da CPI do Apagão Aéreo - diz o líder Fernando Coruja.

Um dos dirigentes do partido, na Executiva, argumentou que o PPS não poderia se isolar pois, ao contrário do PT, não tinha capacidade de mobilização social. Por isso, defendeu que se adotasse uma tática de sobrevivência. Nesse contexto, Coruja avalia que são improdutivos os ataques ao presidente Lula:

- O Lula é muito forte na opinião pública e não será candidato em 2010.

O PPS, que elegeu 22 deputados e um senador, e hoje está reduzido a 14 deputados, foi um dos partidos prejudicados pela consulta feita ao TSE, sobre troca de partido, pelo DEM. A direção do PPS mantinha entendimentos para ampliar a bancada, filiando insatisfeitos no PT e no PSDB. Esse caminho foi fechado.

O crescimento terá que ocorrer pela via eleitoral e, nesse caso, diz Coruja, é preciso se afastar do radicalismo que o DEM tenta imprimir à oposição.

- Essa não é a nossa turma - resume Coruja.

Nos próximos meses, o PPS vai intensificar as conversas com o Bloco de Esquerda (PSB-PDT-PCdoB). O PPS também quer, como o Bloco, construir uma alternativa ao PT na esquerda. Para viabilizar essa aproximação, também era necessário que o PPS abrandasse sua oposição ao governo Lula, sobretudo depois da reintegração do PDT. O objetivo imediato é enfrentar as eleições municipais. Uma coligação para as eleições de 2010 está no horizonte. O PPS deu apoio às candidaturas do deputado Ciro Gomes (PPS-CE) nas eleições presidenciais de 1998 e 2002.