Título: CPI: oposição se reúne para unificar discurso
Autor: Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 16/04/2007, O País, p. 4

Virgílio admite que Senado pode desistir de criar comissão se líderes da Câmara pedirem.

SÃO PAULO. A semana será decisiva para a definição da abrangência que terá a CPI do Apagão Aéreo no Congresso. Dada como inevitável a instalação da CPI, o governo tentará fazer com que ela fique restrita à Câmara dos Deputados, onde sua base de apoio é maior do que no Senado. Com 28 assinaturas já colhidas no Senado, a oposição tentará superar as divergências e definir uma estratégia unificada para equilibrar a correlação de forças e enfrentar o governo numa provável CPI.

- Devemos nos reunir com os líderes do PSDB e do DEM na Câmara na terça-feira. Temos que ter atitudes harmônicas, e a CPI não deve ser motivo de disputa entre a Câmara e o Senado - diz o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Para Virgílio, o governo não tem meios de evitar uma CPI no Senado. Mas, se os líderes da oposição na Câmara pedissem, ele disse que o Senado poderia abrir mão de criar uma CPI na Casa.

- Podemos fazer até uma CPI mista - acrescenta.

O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), admite que o ambiente está cada vez mais "contaminado" pela idéia de instalação da CPI. Segundo ele, nesse clima os parlamentares aliados vão trabalhar em duas frentes: a aprovação das medidas provisórias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e na despolitização da CPI.

- É uma semana decisiva e definitiva para o governo - diz Múcio, que reclamou da tática da oposição de obstruir a votação das MPs do PAC, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não decide sobre a CPI. - Estamos há um mês trabalhando com essa obstrução que só prejudica o país.

Jungmann diz que haverá "obstrução seletiva"

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) diz, porém, que a oposição continuará com a "obstrução seletiva" de projetos até a definição sobre em qual das Casas a CPI será instalada.

- Pessoalmente, sou favorável a uma CPI na Câmara, onde teve seu pedido original. Mas, se não for possível, vamos para o Senado - diz Jungmann, que chama de "linha burra" a estratégia do governo de lutar contra a CPI, em vez de negociar acordos e procedimentos para trabalhar na CPI.