Título: Duas toneladas de documentos são levadas para Brasília
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 16/04/2007, Rio, p. 8

BRASÍLIA. A Polícia Federal começou a analisar duas toneladas de documentos apreendidos durante a Operação Furacão, transportados em dois vôos ontem do Rio para Brasília. Diante do silêncio da maioria dos presos, que só falarão em juízo, a PF decidiu interromper os depoimentos e iniciar o trabalho de cruzamento do material apreendido. A documentação é farta e pode jogar por terra o discurso dos presos de que não sabem do que são acusados. Em quase 200 malotes, há de tudo: cópias de cheques, notas fiscais, agendas, bilhetes e até anotações feitas a mão, que podem ser pistas preciosas para incriminar os presos e levar a outros envolvidos com a máfia.

A maior expectativa dos investigadores é encontrar uma contabilidade de propinas pagas pelos donos dos negócios para permitir o livre funcionamento das máquinas caça-níqueis e bingos. As escutas telefônicas realizadas pela PF indicam que a atividade se mantinha à base de comissões. Os magistrados presos, por exemplo, são suspeitos de conceder liminares para liberar componentes dos caça-níqueis apreendidos.

Para transportar o material apreendido, a PF montou um esquema especial. Os documentos foram levados em um jato da Polícia Federal, que fez duas viagens do Rio a Brasília. A ação mobilizou ao todo 50 agentes. Esse número pode crescer, dependendo da demanda. Dezenove deles, que integram a equipe de inteligência da PF, acompanharam o material durante o vôo. No início da tarde, chegou 1,1 tonelada de papéis e computadores. Estavam em 99 malotes, que encheram dois furgões. À noite, outros 900 quilos. O trajeto do hangar da Polícia Federal até o edifício-sede foi feito sob forte escolta. No início da tarde, por volta das 14h, os agentes iniciaram a digitalização de todo o material. O trabalho não tem prazo para ser concluído.