Título: Pastoral registra mais mortes no campo em 2006
Autor: Oliveira, Germano e Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 17/04/2007, O País, p. 3

BRASÍLIA. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou ontem o relatório "Conflitos no campo no Brasil em 2006" e concluiu que, apesar da queda no número de disputas por terra, a quantidade de mortes aumentou. Segundo a CPT, 39 pessoas foram assassinadas em 2006, contra 38 em 2005, um aumento de 2,63%. O relatório mostra redução no número de conflitos de terra, de 1.304 em 2005 para 1.212 em 2006, índice 7,8% menor.

O presidente da CPT, dom Xavier Gilles, denunciou que os conflitos no campo continuam e acusou "juízes inescrupulosos".

- A violência no campo continua a esmagar, matar e expulsar os explorados da terra. O número de mortos pode ser até maior do que temos conhecimento - disse dom Xavier.

Dado que chama a atenção é o aumento do número de trabalhadores rurais presos. Em 2005, foram 261 e, em 2006, 917, diferença de 251%. Foram contabilizados os 540 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) que invadiram o Congresso ano passado e destruíram instalações da Câmara.

Dos 39 assassinatos de sem-terra ocorridos no ano passado, 24 ocorreram no Pará, estado que sempre registra os piores índices da violência no campo. Houve 72 tentativas de assassinato de camponeses no país.

O número de invasões de terra em 2006 diminuiu, se comparado com o ano anterior. Foram 384 ocupações ano passado contra 437 em 2005. Antônio Canuto, um dos coordenadores da CPT, atribuiu a redução ao fato de 2006 ter sido ano eleitoral.

De 1985, quando a CPT iniciou a série histórica do relatório, até 2006, foram registradas 1.104 ocorrências de conflitos com assassinato. Nesse período, 1.464 morreram e foram julgados e condenados 71 executores e 19 mandantes dos crimes no campo.