Título: Bolsa tem novo recorde e encosta em 49 mil pontos, com estrangeiros
Autor: Eloy, Patricia e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 17/04/2007, Economia, p. 19

Bovespa avança mil pontos no dia e sobe 2,08% devido a dados dos EUA.

RIO e BRASÍLIA. A entrada em peso de investidores estrangeiros no Brasil levou ontem a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a subir 2,08%, para 48.921 pontos. O volume financeiro chegou a R$6,6 bilhões - sendo R$2,3 bilhões referentes ao exercício de opções de ações -, bem acima da média do mês, de R$3,567 bilhões. O risco-Brasil ficou estável em 154 pontos centesimais.

O otimismo dos investidores veio de fora, com os dados de vendas no varejo nos EUA, que subiram 0,7% em março, ante uma expectativa de 0,6%. Os dados sugerem uma economia aquecida e afastam, por ora, temores de uma desaceleração brusca do maior Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços gerados pelo país) americano. Com isso, o índice Nasdaq avançou 1,06% e o S&P 500, 1,08%. A Bovespa acompanhou o movimento e subiu mil pontos apenas ontem.

O setor bancário foi o destaque no dia, com a perspectiva de compra do ABN Amro pelos bancos Banco Santander, Royal Bank of Scotland e Fortis. Rumores de uma maior consolidação do setor fizeram as ações do Unibanco subirem 5,8% e as do Bradesco, 4,26%.

Dólar sobe 0,69%, com nova regra para "swap" cambial

No mercado de câmbio, os investidores especulavam sobre a notícia - divulgada na noite de sexta-feira - de que Banco Central (BC) não avisará mais com antecedência a realização de leilões de swap cambial reverso, que funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro. A novidade poderia significar, segundo operadores, uma maior intervenção no mercado. Hoje, os leilões de swap ocorrem uma vez por mês. Os rumores levaram o dólar a uma alta de 0,69%, cotado a R$2,036. A tendência continua de queda, com o forte saldo comercial.

Ontem, a libra esterlina se valorizou e alcançou sua mais alta cotação dos últimos 15 anos em relação ao dólar americano (US$1,994), após relatórios que mostram um avanço da inflação terem levado os operadores do mercado a aumentarem suas apostas de que o banco central britânico elevará suas taxas de juros mais duas vezes este ano. Já a rúpia indiana alcançou seu maior valor nos últimos nove anos, devido a especulações de que os exportadores estariam comprando rúpias para proteger seus lucros dos efeitos de novos impulsos de valorização. No mês, a moeda subiu 3,6%. Ontem, a alta foi de 1,4%.

As exportações voltaram a crescer mais do que as importações na segunda semana de abril, quebrando um ciclo que vem se verificando desde o fim do ano passado. As vendas externas subiram 11,5% em relação ao mesmo mês de 2006 e os gastos no exterior, 9,5%. Em abril, a balança comercial está superavitária em US$1,763 bilhão - US$5,449 bilhões em exportações e US$3,686 bilhões em importações. No ano, o saldo está positivo em US$10,461 bilhões, ante US$10,948 bilhões no mesmo período de 2006.

A pesquisa Focus do BC manteve a expectativa de que o Comitê de Política Monetária reduzirá amanhã a taxa de juros básica Selic em 0,25 ponto percentual, para 12,5% ao ano.