Título: Na Bahia, Jaques Wagner usa boné do MST e recebe grupo de sem-terra
Autor: Barbosa, Adauri Antunes e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 18/04/2007, O País, p. 8

Série de protestos teve ocupações em Ceará, Pernambuco e Mato Grosso

SALVADOR, RECIFE, CEARÁ, CUIABÁ e FLORIANÓPOLIS. Na série de protestos que realizaram ontem pelo país, os sem-terra fecharam um acordo com o governador da Bahia, Jaques Wagner, que chegou a usar um boné do MST. Cerca de cinco mil trabalhadores foram recebidos por Wagner, após uma caminhada de Feira de Santana até Salvador. Entre os 20 itens, estão a construção de três mil casas e a reforma de outras cinco mil, ainda este ano, além da recuperação de mil quilômetros de estradas vicinais e a liberação de R$3 milhões para a compra de sementes.

No Ceará, os sem-terra ocuparam fazendas em seis municípios. Cerca de 250 trabalhadores bloquearam de manhã a BR-020, que liga a capital cearense ao município de Tauá. Já as ocupações ocorreram nos municípios de Paracuru, Jaguaretama, Icó, Quixeramobim, na região do Baturité e em Antonina do Norte.

Em PE, engenho ocupado e canaviais incendiados

Em Pernambuco, cerca de 400 famílias ligadas ao MST ocuparam o engenho Cachoeiro Dantas, onde destruíram e incendiaram parte dos canaviais que pertencem à usina Vitória. O engenho fica no município de Água Preta, a 130 quilômetros de Recife. O MST também ocupou o engenho União, que tem 500 hectares e fica no município de Glória de Goitá, no Agreste, a 63 quilômetros da capital.

Em Mato Grosso, o MST fez duas ocupações. No início da manhã, cerca de 400 pessoas invadiram a Fazenda Paraíso, em Sinop, norte do estado. Por volta das 9h, outros 200 sem-terra ocuparam o prédio do Incra na capital.

Em Santa Catarina, o coordenador do MST, Lucidio Ravanello, afirmou ontem que a ocupação de uma fazenda de dez mil hectares do Exército em Papanduva, na divisa com o Paraná, no domingo, foi feita para chamar a atenção do presidente Lula para as irregularidades que o Exército estaria cometendo, como o arrendamento ilegal de terras da União para fazendeiros plantarem soja e criarem gado na área, que deveria ser usada apenas como campo de treinamento de soldados do Exército.