Título: Câmara não decide sobre Maggessi
Autor: Carvalho, Jaílton de e Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 19/04/2007, Rio, p. 14

Corregedor-geral está analisando caso para resolver se abre sindicância

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o corregedor-geral da Casa, Inocêncio Oliveira (PR-PE), consideraram grave a denúncia de que a deputada Marina Maggessi (PPS-RJ), inspetora licenciada da Polícia Civil do Rio, teria recebido dinheiro do jogo para financiar sua campanha eleitoral, ano passado, como informa relatório reservado da PF. Inocêncio, porém, não decidiu ainda se vai propor a abertura de sindicância para subsidiar eventual processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética contra a deputada. Nem se recomendará o envio da denúncia ao TSE, com base no entendimento de que Marina não era deputada no período de campanha e, portanto, o que cabe ser apurado é se houve ou não crime eleitoral - responsabilidade da Justiça Eleitoral.

- Estou conversando com juristas e analisando todas as premissas - disse Inocêncio, lembrando que a palavra final será da Mesa da Câmara.

Cauteloso, Chinaglia disse que é preciso apurar com profundidade a denúncia e garantir o amplo direito de defesa:

- A denúncia é grave, mas é preciso saber se existe algum tipo de realidade na denúncia. Temos que ter, acima de tudo, o direito de defesa para qualquer cidadão. Nem sempre as denúncias se confirmam.

Chinaglia lembrou que Inocêncio já analisa outro caso envolvendo a deputada: uma gravação da PF em que Marina sugere a um policial que mate um delegado. O líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC), saiu em defesa da colega e levantou suspeitas sobre a divulgação do nome de Marina pela PF. Alegou que outros políticos também estariam sendo investigados, mas os nomes não foram divulgados.

- Se financiaram mesmo, o que não acreditamos no que se refere a Marina, então que divulguem tudo. Quem são os outros políticos supostamente beneficiados? - afirmou Coruja, em declaração veiculada na página do PPS na internet.

Deputada nega as acusações

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse que o colegiado, a exemplo da Justiça, só age ao ser provocado. Quem tem a prerrogativa de acionar o conselho são os partidos políticos ou a Mesa da Câmara.

Ao ser interpelada na manhã de ontem por Fernando Coruja (SC), sobre as interceptações telefônicas feitas pela PF, Marina Maggessi (PPS-RJ) negou as acusações e alegou que sua campanha foi honesta e com parcos recursos financeiros. A assessoria de imprensa do PPS disse que Maggessi chegou a mencionar que coordenou "a campanha da juíza aposentada Denise Frossard ao governo do Estado do Rio". Ao saber da observação de Maggessi, a juíza aposentada e ex-senadora Denise Frossard reagiu:

- Ela não estava na coordenação de minha campanha. A coordenação foi feita pelo PPS - afirmou, por telefone, Denise Frossard que, em maio de 1993, determinou a prisão de bicheiros por formação de quadrilha.

COLABOROU: Gustavo Goulart