Título: Presidente: reforma política precisa sair
Autor: Vasconcelos, Adriana e Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 20/04/2007, O País, p. 3

Lula diz, porém, que não se envolverá, nem o governo, com debate sobre fim da reeleição.

BRASÍLIA. Com a proposta do fim da reeleição de volta ao debate político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem aos integrantes do Conselho Político, formado por dirigentes e líderes dos 11 partidos da coalizão governista, que é e sempre foi contra a reeleição, mas que não pretende se envolver, nem o governo, na aprovação de uma emenda constitucional com o objetivo de acabar com o instituto. Disse, no entanto, que o Congresso deveria incluir na pauta de votação a reforma política, discutindo, inclusive, o futuro da reeleição.

Lula demonstrou estar contrariado com as afirmações de que ele teria interesse em acabar com a reeleição para voltar a se candidatar nas eleições de 2014.

- Vocês precisam fazer a reforma política. Agora, só se fala em acabar com a reeleição. Sempre fui conceitualmente contra a reeleição, mas essa proposta não é minha. Ela está caindo no meu colo, mas não vou tratar disso porque vão dizer que quero voltar a disputar a Presidência em 2014 e não sei nem se estarei vivo - disse o presidente, de acordo com um dos líderes governistas.

O presidente pediu aos partidos aliados que apresentem uma proposta global de reforma política e sugeriu que é nesse contexto que se deveria fazer a discussão sobre o fim ou não da reeleição, e mudanças na sua regulamentação, no caso de sua manutenção.

Lula sugeriu ainda que os partidos aliados façam uma reforma das legislações eleitorais e partidárias para evitar que a Justiça Eleitoral discipline a atividade política.

- O Congresso tem que fazer a reforma política, até para evitar que o TSE a faça - afirmou Lula.

O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), informou aos integrantes do Conselho Político que, em 15 dias, o partido apresentará um projeto possível de ser aprovado a curto prazo, que vai propor a adoção do financiamento público, a votação em lista e novas regras para a fidelidade partidária.

O PMDB também apresentará uma proposta sobre questões mais difíceis de serem aprovadas no Congresso, defendendo a coincidência dos mandatos, o fim da reeleição, a ampliação dos mandatos do Poder Executivo de quatro para cinco anos e o voto distrital misto.