Título: A curto prazo, país não tem saída
Autor: Franco, Ilimar e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 20/04/2007, Economia, p. 21

Para especialistas, opção de importar GNL será viável somente a partir de 2009

Os especialistas do setor são unânimes em afirmar que, a curto prazo, caso ocorra uma interrupção nas importações do gás natural da Bolívia, o Brasil não tem como suprir totalmente o mercado e terá que reduzir a oferta do produto. O sócio-diretor da empresa de consultoria Gas Energy, Marco Tavares, acredita que a a importação de Gás Natural Liquefeito (GNL) só será possível após 2009. A Petrobras está licitando a construção de dois navios em que seriam incorporadas unidades de regaseificação (que transformam o líquido novamente em gás). A estatal estima que o primeiro navio deva estar pronto em 2008.

- A solução a curto prazo é rezar para não cortarem o gás - disse Tavares.

O especialista Adriano Pires afirma que a Petrobras está equivocada por acreditar que não haverá corte no fornecimento de gás porque a Bolívia seria a primeira prejudicada, com uma redução na oferta dos combustíveis líquidos. - O risco de corte de fornecimento é real. Essa racionalidade esperada pela Petrobras não existe nos sindicalistas que querem pressionar o governo boliviano - disse Pires.

Atualmente, o mundo é consumidor de gás natural, o que dá ao Brasil poucas alternativas para importar. O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), que integra a comissão especial responsável pelo projeto da Lei do Gás, acredita que só a Rússia poderia abastecer o Brasil.

Outro problema, segundo Jardim, é que o GNL é muito caro. A Líbia tem praticamente todo o seu gás contratado, e a capacidade de produção e fornecimento de Trinidad Tobago é muito pequena. Segundo ele, o governo brasileiro não tem saída.

- Não tem gás sobrando no mundo. O GNL é uma alternativa cara, de difícil concretização - disse Jardim, para quem o governo deve estabelecer na Lei do Gás as prioridades de consumo do produto. (R.O. e M.T.)