Título: O azarão ultradireitista que assusta
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 22/04/2007, O Mundo, p. 26

PARIS. Veterano da extrema-direita francesa condenado por declarações racistas e anti-semitas, Jean Marie Le Pen, de 78 anos, deu um susto no país e no mundo quando avançou para o segundo turno das eleições presidenciais de 2002, disputando com o atual presidente, Jacques Chirac. Casado e com três filhas, é conhecido por sua postura ultraconservadora em questões familiares e por seu programa de governo, que prega uma França livre do euro, com fronteiras mais controladas e livre da imigração.

Esta é a quinta vez que tenta a Presidência e assume com orgulho que, no fim de sua carreira política, conseguiu pôr seu partido Frente Nacional (FN) entre os grandes do país, segundo ele.

Eleito deputado pela primeira vez em 1956, Le Pen é um filho de pescador e perdeu os pais na adolescência. Sua carreira política é marcada por vários episódios polêmicos, dos quais diz sentir muito orgulho. Em 1971, foi condenado por apologia a crimes de guerra. Em 1987, afirmou que as câmaras de gás nazistas eram apenas ¿um detalhe na história da Segunda Guerra Mundial¿. Em 1996, reivindicou a ¿diferença de raças¿ e há dois anos minimizou a ocupação de seu país pelos nazistas e considerou que ¿não foi particularmente desumana¿.

Le Pen também é contra direitos civis para os homossexuais e acredita que ¿a moral e os costumes tradicionais¿ são a melhor forma de se conter a disseminação da Aids no mundo. Em 2004, obteve modestos resultados nas eleições regionais e européias e viu sua popularidade perder fôlego rapidamente. Enfrentou ainda problemas de liderança dentro de seu próprio partido.

Nesta campanha, disparou críticas contra seus adversários. Não hesitou em atacar a origem húngara de Sarkozy, filho de imigrantes, e ressaltou que a França precisa de um chefe de Estado ¿verdadeiramente francês¿. As declarações lhe renderam um processo. Também fez várias insinuações em relação a Cecília, mulher de Sarkozy, afirmando que o casamento entre os dois era de fachada. Tentou ridicularizar a esquerda, especialmente Ségolène Royal, chamando-a de alienada, entreguista e sem conteúdo.