Título: Advogado teria acesso à rede do STJ
Autor: Brandão, Tulio
Fonte: O Globo, 23/04/2007, Rio, p. 10

PF descobre em escritório de Virgílio Medina documentos sigilosos

A Polícia Federal descobriu indícios de que o advogado Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina, teria tido acesso a informações sigilosas do tribunal, referentes a um processo envolvendo uma empresa que explora caça-níqueis. O material foi divulgado na noite de ontem, no "Fantástico".

Na madrugada de 23 de novembro de 2006, policiais federais entraram, em segredo, no escritório de Virgílio, um dos presos na Operação Hurricane, e irmão do ministro do STJ, Paulo Medina, sob investigação. No escritório, a polícia fotografou documentos sigilosos do STJ sobre um processo que interessa a uma empresa exploradora de caça-níqueis. As informações só poderiam ser acessadas de computadores da rede interna do tribunal, com senha especial, o que faz a polícia acreditar que Virgílio teve acesso a essa rede.

Outro documento importante para a investigação é uma declaração de imposto de renda de Virgílio. Ela mostra um empréstimo de R$440 mil feito ao irmão, Paulo. Há suspeita de que o empréstimo pode ter servido para lavar pagamento de propina.

A reportagem mostrou também fotos feitas pela PF de um almoço entre o desembargador federal José Ricardo Regueira, o procurador federal João Sérgio Pereira e os advogados Jaime Garcia Dias e Silvério Cabral Júnior, todos presos na Operação Hurricane. Os dois advogados são suspeitos de fazer a ligação entre os contraventores e o poder judiciário. A hipótese é reforçada por uma conversa gravada entre Dias e outro advogado, Sérgio Luzio, representante dos donos de bingo e também detido pela PF. Dias acusava Luzio de interferir no andamento das negociatas e ameaça tirá-lo do "negócio".

A PF dispõe ainda de imagens do policial civil Marcos Antônio dos Santos Bretas, o Marcão, entrando com um saco, com grande volume, na casa do delegado federal aposentado Luiz Paulo Dias de Mattos. A polícia acredita que dentro do saco havia dinheiro. Marcão é suspeito de chefiar o esquema de distribuição do suborno pago pelos bingos a policiais.