Título: SP tem metade das casas de bingos do país
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Fonte: O Globo, 21/04/2007, O País, p. 4

Segundo polícia, bicheiros do estado passaram a explorar outros jogos; Ivo Noal seria um dos operadores.

SÃO PAULO. Como no Rio, bingos e caça-níqueis de São Paulo são controlados por bicheiros, que trocaram de ramo após a decadência do jogo do bicho no estado. O esquema envolve grandes casas de jogos, administradas por testas-de-ferro desses bicheiros. A polícia paulista tem informações de que um desses bicheiros seria Ivo Noal. Cerca de 50% dos 1.200 estabelecimentos do país se concentram em São Paulo. No estado, a atividade atrai em média 18 milhões de pessoas por mês e movimenta R$5 bilhões mensais, segundo estimativas de empresários da área de entretenimento. São R$60 bilhões por ano - R$40 bilhões em giro só na região metropolitana.

Os caça-níqueis, proibidos por lei, também funcionam livremente em São Paulo e estão instalados até em locais próximos a prédios da Polícia Civil. São explorados em padarias, bares e lanchonetes. As máquinas são importadas pelo empresário espanhol Alejandro Ortiz. Ele forneceria os caça-níqueis para bicheiros. Ortiz já foi alvo de várias investigações em São Paulo e também teve seu nome citado na CPI dos Bingos, mas não foi condenado ou preso por envolvimento nesse comércio ilegal.

Segundo o Instituto Giovanne Falcone, que investiga a máfia em todo o mundo, a jogatina ilegal começou a ser investigada a partir da Itália, onde as autoridades policiais descobriram que no Brasil lava-se o dinheiro do narcotráfico por meio da disseminação de máquinas eletrônicas, com programas de videobingo, videopôquer etc.

Depois da venda da droga colombiana na Europa, parte do lucro era destinada à compra, na Espanha, de componentes eletrônicos, contrabandeados para o Brasil, onde diversas empresas, dentre elas as de Alejandro Ortiz e de um filho do bicheiro Ivo Noal, realizavam a montagem das máquinas de jogos. Depois de montadas no Brasil, segundo o Instituto Giovanne Falcone, as máquinas são vendidas ou alugadas.

JUIZ DO STJ SOB SUSPEITA ENTRA DE LICENÇA na página 11