Título: PT conclui proposta de reforma política
Autor: Franco, Ilimar e Lima, Maria
Fonte: O Globo, 21/04/2007, O País, p. 8

Partido propõe financiamento público, fidelidade partidária e votação em lista, sem discutir reeleição.

BRASÍLIA. O PT decidiu ontem, em reunião do Diretório Nacional, que o partido não tomará posição, pelo menos por enquanto, sobre a proposta de acabar com a possibilidade de reeleição para presidente, governadores e prefeitos. A resolução do PT sobre reforma política, que será votada hoje no Diretório, propõe o financiamento público das campanhas eleitorais, a fidelidade partidária e a votação em lista fechada de candidatos, com cota de gênero, para garantir uma maior presença feminina na política.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP), disse que o fim da reeleição divide o PT, por isso o partido só vai se posicionar quando a emenda do deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) for a voto na Câmara.

- O fim da reeleição não é assunto nosso. Nunca foi - justificou Joaquim Soriano, secretário-geral do PT .

A resolução que será votada hoje vai fazer menção à ampliação dos mecanismos de consulta popular, como os plebiscitos. Mas vai deixar claro, para não haver vinculação com idéias autoritárias, que a iniciativa será sempre do Parlamento.

- Nossa posição histórica é que quem convoca (consulta popular) é o Parlamento. Se o presidente da República quiser convocar um plebiscito, deverá ser através do Congresso - disse Berzoini.

Defesa de mudança na cláusula de barreira

Soriano explicou que o partido incluirá mudança na lei da cláusula de desempenho - que voltará a ser discutida pelo Congresso depois de ter sido derrubada pelo Supremo Tribunal Federal - para atender o PCdoB e o PSB, que querem reduzir de 5% para 2% a exigência de votos nacionais nas eleições para a Câmara.

- Com a votação em lista e a fidelidade, os partidos de aluguel vão desaparecer com o tempo. Por isso, é viável reduzir a cláusula - defendeu Soriano.

Outro assunto da reunião foi as providências para tentar reduzir a dívida de R$48 milhões do PT, acumulada desde o escândalo dos empréstimos do valerioduto. O secretário de Finanças, Paulo Ferreira, informou que, dessa dívida, R$37 milhões se referem aos recursos administrados pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares e pelo publicitário Marcos Valério, que deram origem ao escândalo do mensalão; e R$11 milhões são dívidas da campanha da reeleição de Lula.

Ferreira disse que a dívida está renegociada com gráficas, fornecedores e os bancos BMG, Rural e Banco do Brasil. Para reduzir o volume dos débitos, os dirigentes estão pedindo aos quatro mil petistas em cargos comissionados em governos, e que estão inadimplentes, para quitarem as contribuições.

Para reduzir custos, a sede nacional do PT foi transferida para Brasília e a de São Paulo será desativada. O PT vai alugar um imóvel menor para abrigar setores da executiva nacional.