Título: PF e Coaf obtêm o bloqueio de 4 contas em Portugal
Autor: Weber, Demétrio e Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 21/04/2007, Rio, p. 11

Valor total retido, que pertenceria a dois dos 25 presos na Operação Hurricane, chega a US$1,158 milhão

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. Numa articulação de âmbito internacional, a Polícia Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) obtiveram ontem o bloqueio, em Portugal, de quatro contas de dois dos 25 magistrados, bicheiros, policiais e advogados presos durante a Operação Hurricane. Com o apoio da Unidade de Inteligência Financeira de Portugal, foram bloqueados US$1,158 milhão em contas que pertencem a uma empresa com sede na Ilha da Madeira, território português. Dois dos 25 presos seriam procuradores da empresa e beneficiários diretos das contas.

A PF descobriu indícios de movimentação financeira de integrantes da organização no exterior e acionou o Coaf. Um dos diretores do conselho repassou o pedido à Unidade de Investigação Financeira de Portugal. Com a ajuda do Ministério Público local, a Unidade Financeira obteve o bloqueio administrativo temporário das quatro contas.

Ministério poderá tentar a repatriação dos recursos

Agora, caberá às autoridades brasileiras repassar a Portugal informações complementares que justifiquem o bloqueio das contas até o final das investigações. Se os acusados forem condenados, caberá ao Departamento de Recuperação de Ativos Internacionais (DRCI) do Ministério da Justiça tentar a repatriação dos recursos.

Com a ajuda de outras instituições, a polícia também está fazendo o rastreamento de movimentações financeiras, numa tentativa de localizar e bloquear outras contas da organização no exterior. Os policiais têm indícios da existência de contas também em outros países.

Ministro do STF bloqueou contas de 40 pessoas e empresas

Na segunda-feira, a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, o ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso, relator do inquérito sobre o caso, determinou a suspensão de um saque de R$4 milhões que pessoas ligadas aos bingos estavam tentando fazer numa agência bancária em Niterói, na sexta-feira da semana passada, momentos depois das primeiras prisões da Operação Hurricane.

Na quinta-feira, Peluso mandou bloquear as contas de aproximadamente 40 pessoas e empresas que tiveram os nomes citados ao longo das investigações da Polícia Federal.

De acordo com a PF, as contas são dos 25 presos, de pessoas e empresas ligadas ao grupo. Um relatório do Coaf informa que 17 dos 25 presos fazem parte de um grupo que movimentou R$230 milhões nos últimos seis anos em condições atípicas. Mas, para a polícia, os valores movimentados pelo grupo fora do sistema bancário são ainda superiores. Segundo a PF, só o patrimônio do bicheiro Anizio Abrahão Davi poderia ser superior a US$200 milhões.