Título: Contraventor seria alvo dos inhos
Autor: Ramalho, Sérgio
Fonte: O Globo, 21/04/2007, Rio, p. 12

Grupo teria prendido Fernando Iggnácio em retaliação por detenção de rival.

Relatório sigiloso da Polícia Federal afirma haver ¿fortes indícios¿ de que a prisão do contraventor Fernando de Miranda Iggnácio foi ¿arquitetada¿ por dois inspetores do grupo dos ¿inhos¿, sob a ¿batuta¿ de Álvaro Lins. A captura, segundo o documento, teria sido realizada em retaliação à detenção de Rogério Andrade. Rivais na disputa pela exploração de caça-níqueis, na Zona Oeste, Rogério foi preso pela PF em setembro, vinte e quatro dias antes de Iggnácio, detido em 12 de outubro, no apartamento da família, em São Conrado.

Presos na Operação Gladiador, em dezembro, os inspetores Jorge Luís Fernandes, o Jorginho, e Hélio Machado da Conceição, o Helinho, são acusados de arquitetar a prisão de Iggnácio em benefício de Rogério Andrade. Escutas telefônicas revelam que o contraventor foi avisado, na cadeia às 11h20m, sobre a prisão do rival, menos de duas horas após Iggnácio ser levado à Polinter, no Centro. Há suspeita de que a ligação teria sido feita por um policial ligado ao grupo dos ¿inhos¿.

O interlocutor, no entanto, é citado na degravação dos grampos pela iniciais HNI (homem não identificado). O relatório mostra o homem ligando para um celular usado por Rogério, na Polinter de Campo Grande. O telefone é atendido por Alan Nascimento Figueiredo, apontado como secretário do contraventor: ¿Tá perto do amigo (Rogério). É para dar uma palavrinha com ele¿.

Rogério atende o telefonema do homem, que avisa:¿Bom dia. Só para informar que 100% rodou todo o mundo e conseguimos pegar todos, tudo que tinha de pertinente¿. O contraventor, então, responde:¿OK, depois a gente conversa pessoalmente¿.

Em outra escuta, Lins, mesmo licenciado para concorrer a uma vaga na Alerj, pergunta a Helinho, que no telefonema o trata como chefe, se o prédio de Iggnácio tinha serviço de câmeras de vigilância e pede cópia das gravações.