Título: Picciani devolve inspetor
Autor: Gripp, Alan e Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 21/04/2007, Rio, p. 15

Diante da divulgação da denúncia da Polícia Federal de que o inspetor Miguel Laíno recebia pagamentos da máfia dos bingos, o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, anunciou ontem o afastamento do policial de seu gabinete. Em nota oficial, Picciani informa que devolveu Laíno a seu órgão de origem; a Secretaria de Segurança.

Laíno consta de uma lista de policiais suspeitos de envolvimento com o esquema montado pelo contraventor Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio (Liesa), e seu sobrinho Júlio Sobreira Guimarães.

Na nota, Picciani afirmou ainda que a Procuradoria Geral da Alerj vai solicitar às autoridades responsáveis pela Operação Hurricane as informações relativas às investigações que citem deputados estaduais.

Deputados e ex-deputados citados em escutas se defenderam ontem. O deputado licenciado e atual secretário de habitação, Noel de Carvalho, disse que não está preocupado com a escuta da PF, que mostra um suposto assessor seu conversando com o policial Marco Antônio dos Santos Bretas, o Marcão, preso na Operação Hurricane:

- Eu estou tranqüilo. Não tenho nada a ver com isso.

Também citados no "grampo" de Marcão, a ex-deputada Alice Tamborindeguy (PMDB) e o ex-deputado Iranildo Campos (PP) afirmaram desconhecer o policial. Disseram ainda que suas conversas com o Capitão Guimarães se limitaram a assuntos de carnaval. Embora ressalvasse que não joga, Alice defendeu a liberação do jogo de bicho, do caça-níqueis e do bingo:

- Temos a mega-sena, a corrida de cavalos e outros jogos permitidos. Por que não liberar tudo? A liberação daria mais emprego, aumentaria a arrecadação e acabaria com outros problemas.

Mais um político citado no "grampo", o deputado Marcos Abraão (PSL) disse que não recebeu ajuda da Liesa para a sua campanha, embora ela fosse bem vinda:

- Se a Liesa tivesse contribuído, teria declarado na minha prestação de contas. Qualquer um pode ajudar na campanha de um político.