Título: Zaqueu também teria pedido 'ajuda aos amigos'
Autor: Gripp, Alan e Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 21/04/2007, Rio, p. 15

Ex-chefe de Polícia Civil é citado em conversa com operador da máfia dos caça-níqueis interceptada pela PF.

BRASÍLIA. O assessor especial do ministro da Justiça, Tarso Genro, e ex-chefe de Polícia Civil do Rio no governo Benedita da Silva, delegado Zaqueu Teixeira, filiado ao PT, é citado nas investigações da Polícia Federal que resultaram na Operação Hurricane. Numa ligação interceptada pela PF, um homem identificado como Lula diz ao policial civil Marcos Antônio dos Santos Bretas, preso sob a acusação de ser o operador da máfia dos caça-níqueis, que "o doutor Zaqueu está descapitalizado para a campanha" e que teria pedido "ajuda aos amigos". O petista, que concorreu a deputado federal e não se elegeu, disse não conhecer nenhum dos dois.

A conversa aconteceu em 12 de setembro, reta final da campanha. Segundo o diálogo reproduzido pela PF, Zaqueu teria procurado o grupo interessado em pôr placas de sua campanha em terrenos do empresário Pasquale Mauro, dono de diversas propriedades na Barra, ou em áreas conseguidas por Marcão, como é conhecido o policial civil.

Preso em Brasília com outras 24 pessoas acusadas de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis, Marcão é apontado pela PF como representante do contraventor Ailton Jorge Guimarães, o Capitão Guimarães, e de seu sobrinho, Júlio César Guimarães. No diálogo, Lula conta que disse a Zaqueu que seria difícil convencer Pasquale Mauro. Marcão, então, diz que as placas podem ser colocadas na casa de uma mulher identificada apenas como Denise.

Zaqueu se diz apenas citado, não investigado

Abatido, Zaqueu negou as acusações e disse desconhecer as pessoas citadas na conversa. Ele disse que conversou com o diretor da PF, Paulo Lacerda, que teria garantido que ele não é investigado, tendo sido apenas citado numa conversa. Mesmo assim, Zaqueu disse que levará o caso a Tarso Genro.

- Em nenhum momento busquei recursos fora da linha da legalidade. Quem me conhece, sabe que não compactuo com a criminalidade - disse.

Outro político citado nas escutas telefônicas feitas pela PF, é o deputado federal Geraldo Pudim (PMDB), que tem como padrinho político o ex-governador Anthony Garotinho. Em 3 de outubro, o desembargador Ernesto Dória, preso na Operação Hurricane sob a acusação de intermediar a compra de decisões judiciais, disse em conversa com um advogado identificado como Algranti ter sido levado por um policial à casa do "homem que o Garotinho elegeu", referindo-se a Pudim. E que este teria agradecido, "pois Dória gastou mil reais e mandou um ônibus pra Campos". Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Pudim arrecadou pouco mais de R$1 milhão na campanha. O desembargador não aparece na relação de doadores oficiais.