Título: Caos aéreo: até o PT critica governo
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 24/04/2007, Economia, p. 21

Petistas defendem desmilitarizar setor e atacam privatização da Infraero.

BRASÍLIA. A gestão do setor aéreo pelo governo Lula foi criticada pelos integrantes do Diretório Nacional do PT. No sábado, eles aprovaram resolução dizendo que o Executivo falhou ao enfrentar a crise e não prever seus desdobramentos. O documento petista defende a desmilitarização do setor e também se manifesta contra a privatização da Infraero. Mas diz que a empresa estatal, que comanda 67 terminais aeroportuários e está sob suspeita de abrigar esquemas de corrupção, precisa de mudanças radicais em sua administração.

"A crise aérea mostrou, também, que o governo ainda carece de uma metodologia de gestão de crise e, principalmente, de uma capacidade de previsão acerca de possíveis pontos de estrangulamento", diz a resolução.

Os petistas, contrariando a visão da Aeronáutica, mas em linha com o Ministério da Defesa e a Casa Civil, defendem a desmilitarização do setor. No texto, afirmam que um controle civil do tráfego aéreo é totalmente compatível com as necessidades da Defesa Nacional. Argumentam que o controle civil é recomendável pela experiência internacional e reafirmam a autoridade civil, por meio do presidente Lula e do seu ministro da Defesa sobre as Forças Armadas.

Partido quer mudança radical na gestão da estatal

"Não aceitamos o raciocínio segundo o qual o país tem que escolher entre hierarquia militar, direitos dos trabalhadores e autoridade civil. Recusamos, igualmente, as propostas de privatização da Infraero", diz a resolução aprovada.

Para os petistas, o bom funcionamento do setor aéreo depende também da ampliação dos investimentos, da capacidade de gerenciamento, do controle sobre os procedimentos das empresas privadas, do respeito aos trabalhadores e da cooperação da Aeronáutica. Eles avaliam ainda que é preciso acelerar as investigações sobre irregularidades na Infraero e, conforme a resolução, "realizar uma mudança radical no modelo de operação" da estatal. Supostas irregularidades na empresa mobilizam a oposição pela instalação de uma CPI.