Título: Escolas também 'perto da perfeição'
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 25/04/2007, O País, p. 3

PLANO PARA O ENSINO

Ao lançar plano, Lula diz que educação no Brasil será uma das melhores do mundo.

Ao lançar ontem o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar convencido de que, se as medidas forem postas em prática em sua totalidade, seu governo passará para a História por deixar a educação brasileira "em pé de igualdade com qualquer país do mundo". Há um mês, ao anunciar pela primeira vez o pacote de medidas para a educação, Lula reconhecera que o ensino no país está entre os piores do mundo. Ontem, ele não fez por menos:

- Não tenham medo de errar, se nós implantarmos tudo o que anunciamos aqui hoje, nós certamente passaremos para a História como a geração de políticos que, definitivamente, não apenas disse que a juventude era o futuro da nação, mas que preparou, como legado para a juventude, um sistema de educação que finalmente pôde colocar o Brasil em pé de igualdade com qualquer país do mundo desenvolvido na área da educação - disse o presidente. Ano passado, ao falar de outro setor vital, ele também dissera que não estava longe "de a gente atingir a perfeição na saúde".

Lula disse enxergar um novo século na educação, no qual prevalecerão "o mérito sobre a riqueza familiar" e onde haverá uma elite do saber e não mais uma "elite de sobrenomes".

- Vejo nele (no PDE) o início do novo século da educação no Brasil. Um século capaz de assegurar a primazia do talento sobre a origem social e a prevalência do mérito sobre a riqueza familiar. Um século de uma elite de competência e do saber, e não apenas de elite do berço ou do sobrenome.

Críticas indiretas ao governo FH

Lula lembrou que, durante muito tempo, afirmou-se que a juventude era o futuro do país, mas que o que se vê são jovens de 15 a 24 anos na criminalidade e meninas se prostituindo:

- Tudo isso porque em algum momento da História não foram feitas as coisas corretas que deveriam ter sido feitas neste país, sobretudo na questão da educação.

Segundo Lula, o PDE é um "esforço técnico e político do governo". Ele criticou, indiretamente, o ex-presidente Fernando Henrique, que havia proibido a criação de escolas técnicas. Apesar de destacar que o governo vai disponibilizar mais recursos para aplicação na educação - o que rendeu até elogio aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento), por estarem liberando verbas -, Lula destacou que a solução para os problemas do ensino não depende apenas de mais dinheiro.

O presidente disse que o PDE vai tornar realidade seus compromissos de campanha na área de educação. Para ele, o PDE é complemento ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado no fim de janeiro.

- Para diminuir a desigualdade entre as pessoas, a alavanca básica é a educação; e para diminuir as desigualdades entre as regiões, a alavanca básica são os grandes programas de desenvolvimento, que ampliam a infra-estrutura produtiva e social.

Lula, que constantemente é criticado pelo número de medidas provisórias que encaminha ao Congresso, sublinhou ontem, também de forma bem-humorada, aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que, desta vez, só está enviando ao Congresso projetos de lei.

- Vocês já me conhecem e sabem que estarei no calcanhar de vocês para que cada coisa prometida seja cumprida até o final do nosso governo - disse aos 17 ministros presentes.