Título: Zulaiê deixa o PSDB com críticas
Autor: Beck, Martha e Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 25/04/2007, O País, p. 9

Sem apoio no partido, ex-deputada ataca Tasso e Serra.

BRASÍLIA. A ex-deputada Zulaiê Cobra, do PSDB paulista, anunciou ontem sua desfiliação com críticas a dois caciques do partido: o senador Tasso Jereissati (CE), presidente da legenda, e o governador de São Paulo, José Serra. Com planos de se candidatar à prefeitura de São Paulo no ano que vem e ciente da dificuldade que teria em ser o nome do PSDB na disputa, Zulaiê pretende se filiar a um pequeno partido que faça oposição ao governo Lula.

O diálogo institucional do PSDB com o presidente Lula é usado por Zulaiê, em nota divulgada ontem, como um dos motivos da sua saída. Ela diz que discorda das últimas resoluções do partido e ataca Tasso: "O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), se encontra com o presidente Lula e sai dizendo que a oposição tem que ser racional. Que história é essa? Vai plantar batatas".

Em seguida dispara também contra Serra, que tem planos de apoiar na disputa pela prefeitura de São Paulo o atual prefeito, Gilberto Kassab, do DEM, ex-PFL: "O governador José Serra fica puxando o saco do Lula. O Serra gosta do PT. Cadê o PSDB? É uma vergonha. Não tem partido de oposição. O Democratas faz mais barulho que os tucanos".

Tasso preferiu não comentar os ataques da ex-deputada. Já o líder da bancada tucana no Senado, Arthur Virgílio (AM), fez um apelo, em tom irônico, para que ela revisse sua posição.

- Eu faria duas recomendações a ela (Zulaiê). Primeiro para que reconsiderasse sua posição. Caso isso não seja possível, que ela, então, se filie ao Democratas e continue a compor as fileiras da oposição - disse o senador tucano, acrescentando que valeu a pena seu esforço para garantir a democracia no país: - Graças a isso, qualquer um pode falar o que quiser, inclusive mandar uma outra pessoa plantar batatas.

Na nota, Zulaiê, que era uma das pessoas mais próximas do governador Mario Covas, morto em 2001, diz que participou da fundação do PSDB e que dedicou quase toda sua vida política à sua consolidação; que exerceu mandatos legislativos e disputou pré-candidaturas para a prefeitura de São Paulo, em 2002, e para o Senado, em 2006. Mas que em todas as disputas renunciou em função de interesses do partido, o que não estaria mais disposta a fazer.

"Hoje não encontro mais razões para permanecer no PSDB. Não sinto a devida valorização pelo que represento dentro e fora desta agremiação. Também não posso concordar com as últimas resoluções do partido. Sempre mantive uma postura corajosa e isolada diante dos gritantes casos de corrupção, que assolaram o país nestes últimos quatro anos, em dissonância com a atuação do PSDB - salvo raríssimas e dignificantes exceções -, o que torna insustentável a minha permanência no partido", afirma ela na nota. A tucana negou que vá ingressar no PPS, partido de oposição, ou que vá para o DEM. Mas não revelou seu futuro.