Título: Acordo entre províncias bolivianas reduz risco de corte de gás para Brasil
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Fonte: O Globo, 25/04/2007, Economia, p. 24

Silas Rondeau diz que negociações com Petrobras avançam "sem estresse"

LA PAZ. Com mediação do vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, os dirigentes das províncias de Gran Chaco e O"Connor, ambas no departamento de Tarija, no Sul do país, aceitaram ontem suspender os protestos em torno do litígio que mantêm na disputa pela propriedade de um campo de gás operado pela petrolífera hispano-argentina Repsol YPF. O acordo afasta o risco de suspensão do envio de gás para Brasil e Argentina.

Na semana passada, os violentos incidentes na disputa pelo direito aos royalties do campo de Margarita deixaram um morto e 53 feridos. Durante os protestos, os manifestantes invadiram instalações e interromperam por um dia o fornecimento de gás para Brasil e Argentina.

Pelo acordo, as províncias se comprometem a aguardar, sem recorrer à violência, uma decisão legal sobre a demarcação territorial do campo, cujo manancial é um dos maiores da Bolívia, com 3,2 metros cúbicos de gás. As duas províncias também prometem aceitar a decisão final sobre o litígio, que agora depende do governo do departamento de Potosí. No próximo dia 18 de maio, haverá nova reunião para que as partes apresentem propostas para um solução comum.

Já o líder da oposição boliviana Jorge Quiroga criticou a nacionalização da telefônica Entel e dos hidrocarbonetos. Segundo Quiroga, diretor da aliança política Podemos e ex-presidente do país, a decisão do governo Evo Morales significa a transferência "da propriedade dos cidadãos bolivianos para um ministro".

O ministro brasileiro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que as negociações para a venda de duas refinarias da Petrobras no país ocorrem "sem qualquer tipo de estresse". Ele disse desconhecer as notícias divulgados pela imprensa sobre o valor da operação. Segundo esses relatos, a Petrobras quer US$180 milhões pelas unidades, ao passo que a Bolívia estaria disposta a pagar a metade.