Título: Diretor do BC: juro pode cair muito mais
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 25/04/2007, Economia, p. 25

Aprovado por comissão do Senado, Torós defende aumento das reservas.

BRASÍLIA. Aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), Mario Torós indicou ontem que o governo continuará comprando dólares no mercado para aumentar as reservas e tentar segurar a cotação da moeda americana. Segundo ele, o aumento das reservas é uma forma de equilibrar o câmbio e reduzir o risco-país. Ex-vice-presidente de Atacado do Santander, Torós, cujo nome foi aprovado por 24 votos a três, disse que o controle da inflação já permite que a trajetória dos juros seja cadente.

- Na medida em que ela vem sendo bem-sucedida, o que nós devemos fazer é relaxar essa política monetária. Mas eu acho que a prudência deve ser a principal atitude do BC - afirmou Torós. - Não acho que o Brasil é um país fadado a ter taxas de juros elevadas. A taxa de juros é cadente e pode cair muito mais ao longo das próximas reuniões (do Comitê de Política Monetária, o Copom).

Segundo ele, apesar de já atingirem US$118,5 bilhões, as reservas ainda estão abaixo das de países com melhor classificação de risco. O novo diretor também destacou que as reservas foram importantes para permitir que o Brasil passasse com tranqüilidade pelas recentes turbulências internacionais:

- O Brasil hoje não pega mais pneumonia em função de qualquer espirro.

Torós ouviu cobranças em relação à redução dos juros e à adoção de medidas para evitar que a valorização do real continue prejudicando setores intensivos em mão-de-obra. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) criticou a redução de 0,25 ponto percentual da Selic (para 12,5% ao ano), feita este mês:

- Não há argumento que explique. Não há pressão inflacionária visível. Espero que o senhor esteja com a minoria da diretoria do BC - disse, em referência ao fato de quatro diretores terem votado pela redução de 0,25 e três por 0,5.

Ao responder se é um desenvolvimentista ou um monetarista, Torós desconversou:

- Sou dos que acreditam que inflação baixa é a base para o crescimento e para a distribuição de renda.