Título: França: Ségòlene sobe nas pesquisas
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 25/04/2007, O Mundo, p. 32

Socialista tem 49% contra 51% de Sarkozy; partidos barganham com pleito legislativo.

PARIS. Uma pesquisa divulgada ontem revelou o acirramento da disputa pela Presidência da França no segundo turno, no dia 6 de maio. O instituto TNS-Sofres mostrou o direitista Nicolas Sarkozy com 51% das intenções de voto, contra 49% da socialista Ségolène Royal. Na pesquisa, realizada após o primeiro turno, no último domingo, cerca de 20% dos consultados não disseram em quem planejam votar.

Em meio à disputa apertada, os partidos de Sarkozy e Ségolène renovaram esforços na busca pelos votos de François Bayrou ¿ candidato da centrista UDF, derrotado no primeiro turno, mas cujo eleitorado decidirá o duelo para a Presidência ¿ usando como barganha as eleições parlamentares, em junho.

A UDF, que teve 18,5% dos votos, já está debatendo sua posição neste sentido. Ela quer garantir voz a seus parlamentares no próximo governo e, quem sabe, participação na equipe. Até agora Bayrou tem se recusado a apoiar um campo, mas está sendo pressionado por Ségolène e Sarkozy. Ele convocou a imprensa para uma coletiva hoje, na qual espera-se um anúncio.

Mas o debate interno não está sendo fácil. A UDF se diz independente, embora tenha sido uma aliada discreta da UMP, partido do direitista Sarkozy. Nas votações no Parlamento, votou mais com a UMP do que com os socialistas. Muitos parlamentares da UDF desertaram da UMP antes das eleições presidenciais de 2002. Estes estariam querendo manter esta aliança.

François Fillon, homem importante da equipe de Sarkozy, dobrou a pressão para que Bayrou se decida. Fez uma clara ameaça: se Bayrou não se aliar a Sarkozy, os parlamentares da UDF seriam colocados na geladeira em caso de vitória da UMP. Se o apoiarem, vão ser parte da maioria do governo, isto é, terão voz no Parlamento e cargos no governo. ¿Nós precisamos saber se a UDF será parte da maioria presidencial. Se não for, a UMP vai colocar um candidato em cada curral eleitoral, o que vai dificultar a vida da UDF¿, disse Fillon ao jornal ¿Le Figaro¿.

Socialista deixa mensagem no celular de Bayrou

Cortejado, Bayrou está em posição ao mesmo tempo forte e delicada. Sua decisão se complica com a ameaça da UMP. Seus colaboradores duvidam de que ele tome uma posição aberta a favor de Sarkozy, mas também acham difícil que ele se abra para uma oferta de Ségolène. A socialista deixou mensagem anteontem no seu celular propondo diálogo em torno de seu ¿pacto presidencial¿.

Também há ameaça de rebelião na UDF. O deputado Andre Santini, da UDF, anunciou apoio a Sarkozy e disse que uns 12 parlamentares do partido deserdariam Bayrou caso ele não apóie Sarkozy. Se isso ocorrer, a UDF perderá enorme peso na barganha às vésperas da eleição.

¿ A situação não é fácil. Eles (parlamentares da UDF) estão sendo chamados para esperar nas trincheiras, mas têm que se posicionar para as eleições legislativas ¿ disse Santini, lembrando que Bayrou pode esperar a próxima eleição presidencial, em 2012, mas os deputados, não.

A importância da eleição parlamentar é que ela pode determinar se o próximo presidente terá ou não maioria para governar com mais eficácia. As eleições parlamentares também acontecem em dois turnos. Candidatos têm que garantir no primeiro turno no mínimo 12,5% de apoio. A partir daí começam alianças locais para o segundo turno. Segundo o ¿Le Monde¿, apesar da alta votação de Bayrou no primeiro turno, nenhum dos 29 deputados da UDF no Parlamento conseguiria se reeleger em junho sem o apoio do partido dominante, a UMP.