Título: Ramilândia, o pior do Brasil
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 26/04/2007, O País, p. 3

Município do Paraná sofre com migração.

CURITIBA. Ramilândia, a 80 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, o município com o mais baixo indicador educacional do país, tem 3.872 habitantes e índice de analfabetismo que beira os 22% da população. Lá existe apenas uma escola municipal, com 451 alunos matriculados no ensino fundamental. O prefeito, Ubaldo de Barros (PSDB), critica o levantamento do Ministério da Educação:

- Estamos numa situação desconfortável, mas temos uma posição contrária à pesquisa. Nossos alunos, por falta de familiaridade com o sistema de gabarito, podem ter se equivocado ao fazer as provas - alegou.

Com arrecadação de R$400 mil por mês, o município tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,697 (3.048º lugar no Brasil). Segundo o prefeito, 25% da arrecadação são destinados à educação.

Muitos alunos da escola municipal saem da área rural e de assentamentos, cuja precariedade de formação teria contribuído para o resultado, diz o prefeito. Ramilândia foi escolhida para assentar sem-terra do MST por ter propriedades rurais extensas e sem uso. Atualmente, há quatro assentamentos no município, totalizando 350 famílias.

- Os assentamentos são um fato. As crianças vêm para a sala de aula e não têm acompanhamento em casa. Além disso, ocorre aqui muita migração - diz o secretário de Educação, Adilson Turato.

Ramilândia também expõe a realidade da má remuneração dos professores aliada à falta de infra-estrutura para transporte dos alunos da área rural. A cidade tem 25 professores, que ganham em média R$570 por 20 horas semanais.

A diretora da Escola Municipal Arlindo Gouveia, Ângela Arfelli, afirmou:

- Estamos abalados com essa situação.

* Especial para O GLOBO