Título: Corregedoria vai apurar denúncia de propinas
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 26/04/2007, Rio, p. 15

Promotor investiga suspeita de corrupção policial por bicheiros.

O promotor Homero das Neves Freitas Filho, titular da 23ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público (MP), instaurou ontem um inquérito na Corregedoria Interna da Polícia Civil, para apurar a denúncia de pagamento de propina a policiais de delegacias especializadas, por bicheiros. Durante buscas feitas pela Polícia Federal como parte da Operação Hurricane, os agentes encontraram na casa do policial civil Marcos Antônio dos Santos Bretas, o Marcão, envelopes com nomes de policiais que receberiam propina.

- Não tive acesso aos documentos da PF. Apenas fiquei sabendo da denúncia pelos jornais. Por isso, já encaminhei um ofício à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal. Preciso materializar a denúncia e ainda ouvir o policial civil - disse Homero.

No documento de instauração do inquérito, o promotor chamou a atenção para "o possível desvio de conduta de policiais civis". Cópias do documento foram enviadas para o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira; o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame; e o chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro.

Investigação revelou que máfia pagava "mensalinho"

A investigação da Polícia Federal revela que os negócios da máfia dos caça-níqueis se mantinham à base do pagamento de um "mensalinho" a policiais militares, civis e federais, além de outras autoridades. O relatório da Operação Hurricane diz que, com o objetivo de manter as atividades ilícitas, o grupo pagava "uma espécie de pró-labore a policiais" para conseguir informações sobre operações de apreensão de caça-níqueis, além de evitar fiscalizações. Marcão é apontado pela PF como o homem de confiança de Júlio César Guimarães, sobrinho de Ailton Jorge Guimarães, e seria responsável por recolher dinheiro dos donos de bingos e pagar as propinas.

Marcão, que está preso desde o dia 13, também foi flagrado, numa escuta telefônica conversando com um policial civil ligado à inspetora licenciada Marina Maggessi (PPS), intermediando uma suposta doação para a campanha eleitoral da hoje deputada federal pelo PPS.