Título: Risco de fraude limita investimentos no Brasil
Autor: Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 26/04/2007, Economia, p. 25

Segundo Fórum Econômico Mundial, país ocupa a segunda posição na área de infra-estrutura

SANTIAGO. A boa fase da economia brasileira não é suficiente para atrair os investidores estrangeiros, sobretudo em projetos de infra-estrutura. A possibilidade de fraudes em concorrências públicas e o receio de os contratos não serem cumpridos são fatores que inibem o ingresso de investimentos e deixam o Brasil em segundo lugar entre os países latino-americanos mais atraentes para receber recursos para estradas, portos, aeroportos e energia. O Chile ocupa a primeira posição.

Essa é uma das conclusões do estudo "Benchmarking sobre a Atratividade Nacional em relação ao Investimento Privado na Infra-estrutura Latino-americana", divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial. Outros obstáculos são a burocracia, a falta de marcos regulatórios eficientes, a necessidade de políticas públicas de longo prazo e a ausência de clareza quanto ao envolvimento do setor privado.

O Fórum começou ontem sua versão focada na América Latina. Hoje, a estrela do evento será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, fará um discurso no encerramento.

- No Brasil, os investidores vêem dificuldades na execução dos projetos - disse a economista-sênior do Fórum, Irene Mia.

É a primeira vez que o Fórum, que discute, em Santiago, os desafios para o crescimento da América Latina, desenvolve um índice especificamente para analisar os investimentos em infra-estrutura na região: o Índice de Atração de Investimentos Privados em Infra-Estrutura (Ipiai). Para calculá-lo - o Chile tem 5,43 pontos e o Brasil, 4,40 -, os técnicos usaram oito pilares, entre os quais estabilidade econômica, perspectivas de crescimento, marco legal, risco político, facilidade de acesso à informação e relações entre governo e sociedade.

O levantamento levou em consideração 12 nações, a partir de entrevistas com investidores. Colômbia e Peru ocupam, respectivamente, a terceira e a quarta posições. O México ficou em quinto lugar, a Argentina, em nono, a Venezuela, em décimo e a Bolívia, em décimo primeiro. (Eliane Oliveira e Luiza Damé)