Título: Partidos indicam representantes para as CPIs
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Fonte: O Globo, 27/04/2007, O País, p. 9

Na Câmara, investigação do apagão aéreo deve começar dia 3 de maio.

BRASÍLIA e SANTIAGO. Os líderes dos partidos governistas e de oposição começaram ontem mesmo a indicar seus representantes nas CPIs do Apagão Aéreo que deverão ser instalados na Câmara e no Senado, em maio. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), marcou para o dia 2 o fim do prazo para as indicações e o dia seguinte, quinta-feira, para a instalação da CPI. No Senado, o prazo só termina dia 20 de maio. A oposição indicou os senadores que vão compor a CPI, mas os partidos governistas deverão usar todo o prazo, pois a estratégia é evitar a CPI do Senado.

O governo descarta um acordo e deve controlar a presidência e a relatoria da CPI da Câmara. Entre os indicados pela oposição, o único com experiência em CPIs é Gustavo Fruet (PSDB-PR). A escolha dos nomes gerou crise entre tucanos. Numa primeira lista, Otávio Leite (PSDB-RJ), um dos autores do requerimento de criação da CPI, aparecia como titular. Foi substituído por Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) e passou à suplência.

O líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), descartou a possibilidade de um acordo com a oposição para evitar a CPI do Senado:

- No governo passado, eles não abriram mão do direito regimental. Vamos copiá-los. Eles têm experiência em governos.

O líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), disse que o partido está disposto a ter a presidência da CPI e ceder a relatoria ao PMDB. Os aliados querem evitar que supostas irregularidades nos contratos da Infraero sejam investigadas.

- A CPI é para discutir os problemas de tráfego aéreo e a Infraero não tem nada a ver com o controle do espaço aéreo - argumentou Luiz Sérgio.

No Senado, o líder do DEM, Agripino Maia (RN), escolheu como titulares da CPI ele próprio, Antonio Carlos Magalhães (BA) e Demóstenes Torres (GO). O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), indicou Sérgio Guerra (PE) e Mário Couto (PA).

Lula sobre CPI: "Aprendi a ser civilizado"

Em Santiago, no Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pretende manter o diálogo com a oposição mesmo após a instalação das CPIs. Ele afirmou que a prioridade do governo é o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano de Desenvolvimento da Educação e medidas na área social.

- Se alguns setores da oposição precisam de uma CPI para fazer seu papel no Congresso, não é por isso que vou deixar de conversar com a oposição. Aprendi a ser civilizado.

Lula disse que esse é um instrumento da minoria:

- Se é um instrumento da minoria, e eu fui minoria durante tanto tempo e tanto tempo pedi CPI, por que eu haveria de ficar zangado com uma CPI?

O vice-presidente José Alencar, que exerce interinamente a Presidência, defendeu a CPI.

- Sempre fui a favor de que todas as dúvidas sejam esclarecidas e as CPIs, transparentes. Há uma conscientização do próprio governo de que essa CPI é importante.

(*) Enviada especial

COLABOROU Adriana Vasconcelos