Título: Conselho de Ética anistia mensaleiros e sanguessuga
Autor:
Fonte: O Globo, 27/04/2007, O País, p. 9

BRASÍLIA. O Conselho de Ética da Câmara aprovou ontem, por nove votos a quatro, o parecer do deputado Dagoberto (PDT-MS) que anistia deputados de supostos crimes de corrupção cometidos no mandato anterior. O relatório recomenda o arquivamento de representações do PSOL que pediam a reabertura de processos de cassação contra Paulo Rocha (PT-PA), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e João Magalhães (PMDB-MG). Prevaleceu a opinião de que os três foram anistiados pelas urnas. A decisão passará pelo plenário.

- Não é pizza, porque não deixaram sequer o processo correr. É uma marcenaria na qual construíram uma grande gaveta - criticou o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), que recorrerá da decisão.

Em protesto, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) renunciou à sua vaga no conselho. Ele defendeu veementemente a derrubada do parecer de Dagoberto:

- Eu entendi que, após a decisão de uma maioria tão expressiva, o Conselho de Ética não tem mais função. Se não existe mais direito de investigar, não vejo sentido de ficar ali.

Para Trad, a decisão é absurda, pois absolve Paulo Rocha, que confessou ter repassado para o PSB R$400 mil recebidos do empresário Marcos Valério. Valdemar, ex-presidente do PL, hoje PR, foi acusado de ter recebido R$10 milhões do valerioduto. Os dois renunciaram ao mandato em 2005, antes da abertura do processo, e foram reeleitos. Já João Magalhães foi acusado pela CPI dos Sanguessugas de envolvimento com a máfia das ambulâncias.