Título: Ata do Copom divide economistas sobre ritmo de corte de juros do BC
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 27/04/2007, Economia, p. 22

Termos como "parcimônia" contrastam com dados positivos sobre inflação.

BRASÍLIA. Não foi só o Banco Central (BC) que rachou ao definir o corte na taxa de juros. Economistas que analisaram ontem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - que no dia 18 reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, embora três dos sete diretores tenham optado por um corte de meio ponto - também se dividiram sobre o que esperar do próximo encontro, em junho. Isso porque o texto faz uma descrição extremamente positiva de diversos indicadores que influem no comportamento da inflação, inclusive para 2008, mas mantém expressões associadas ao conservadorismo, como "parcimônia" e "incertezas".

Segundo Alex Agostini, economista-chefe do Austin Rating, o país vive simultaneamente um cenário de baixos juros nominais, baixos juros reais e inflação controlada.

- Acredito que há uma possibilidade de o Copom decidir por dois cortes de meio ponto percentual - disse ele, acompanhado na projeção pelo economista Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, e por Jason Vieira, economista da Uptrend Consultoria Econômica.

Já para a economista Marcela Prada, da Tendências, a ata do Copom indica que há espaço para um corte maior nos juros em um futuro próximo, mas a consultoria mantém sua expectativa para os próximos meses, pois a nota também tem trechos muito conservadores, como este:

"O Copom considera que a persistência de uma atuação cautelosa tem sido fundamental para aumentar a probabilidade que a inflação siga evoluindo segundo a trajetória de metas."

A queda nos custos dos produtos agrícolas, sobretudo soja, contribuiu para uma forte desaceleração da inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) em abril, para o menor nível em um ano. O IGP-M subiu 0,04%, contra alta de 0,34% em março, disse ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).