Título: Energia: Brasil e Chile selam acordo
Autor: Avetikian, Tamara
Fonte: O Globo, 27/04/2007, Economia, p. 23

Parceria prevê cooperação nas áreas de biocombustíveis, gás e petróleo.

SANTIAGO. Em tempos de insegurança no fornecimento de gás boliviano para o Brasil e do argentino para o Chile, a Petrobras e a petrolífera chilena Enap fecharam parceria para exploração de biocombustíveis, gás natural liquefeito (GNL) e petróleo nos dois países e em outras nações. O acordo foi assinado ontem durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Chile, para reunião de trabalho com a presidente Michelle Bachelet.

A parceria prevê o desenvolvimento de projetos e negócios de hidrocarbonetos e energia, especialmente nas áreas de GNL, biocombustíveis e exploração da Plataforma Pacífica. Ainda este ano, os dois países vão organizar missões tecnológicas e empresariais para a implementação da parceria.

O Chile produz biodiesel a partir de uma oleaginosa semelhante à mamona, mas não domina a tecnologia. E, assim como o Brasil, está construindo uma regaseificadora para processar gás em estado líquido.

- No setor de biocombustíveis, vamos cooperar para dar mais segurança energética aos nossos países, gerando empregos e contribuindo para a proteção do meio ambiente - afirmou Lula.

Na mesma linha de Lula, Bachelet criticou o modelo energético adotado por governos anteriores. Segundo ela, 70% da energia consumida no Chile são importados, e essa dependência teve impacto no desenvolvimento econômico do país:

- Não podemos depender de uma única fonte. É preciso estabelecer uma matriz autônoma para geração de energia.

Lula defendeu a integração dos países da América do Sul como forma de aproveitar oportunidades de negócios e solucionar problemas comuns:

- Temos todas as condições, na América do Sul, de resolver os problemas de energia elétrica, biocombustível, gás e petróleo entre nós.

Brasil e Chile assinaram nove acordos, abrangendo saúde, educação e turismo, entre outros. Em junho haverá uma reunião técnica para discutir a implantação de corredores interoceânicos, envolvendo Argentina, Bolívia e Paraguai.

Ao discursar no encerramento do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, Lula disse que o Brasil quer que o Banco do Sul, discutido com Venezuela e Argentina, seja uma instituição de fomento. Isso contraria a proposta do venezuelano Hugo Chávez, de que o banco seja usado para corrigir desequilíbrios macroeconômicos regionais.

O Banco do Sul é um dos temas a serem tratados hoje, na Argentina, por Lula e o presidente Nestor Kirchner. O líder argentino está mais próximo de Chávez quanto ao desenho da instituição.